Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Venham daí a bazuca e a vacina

Florentino Beirão - 04/03/2021 - 9:39

Nesta altura, uma contida esperança começa a rasgar o longo e enfadonho confinamento a que temos estado sujeitos, prolongado, pelo menos, até à Páscoa. Quem pensava que era possível mais cedo colocar-lhe um ponto final, devido aos bons resultados conseguidos, desengane-se. Para que não se criem falsas ilusões a este respeito, o Presidente Marcelo encarregou-se de nos avisar que não haverá uma total abertura mais cedo, para não virmos a estragar os bons resultados já obtidos. Como bem nos avisou, “trata-se de uma questão de prudência, manter a Páscoa como marco”. Isto é, “cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém”. Pesados os prós e os contras, a decisão está tomada por Marcelo e logo aplaudida pelo primeiro-ministro António Costa. Face à angustiosa situação em que vivemos, acenam-nos agora com a chegada de uma choruda “bazuca” de dinheiro oriundo dos cofres da EU, e ainda a massiva vacinação da maior parte da população, para nos mitigar a ansiosa austeridade a que temos estado sujeitos, há um longo e penoso ano. São duas preciosas luzinhas ao fundo de um longo túnel que nos permitem olhar para o futuro com mais otimismo. Quanto à “bazuca” vitamínica de 14 mil milhões de euros, vão direitinhos para implementar o “Plano de Recuperação e Resiliência”, já discutido e melhorado com os contributos dos cidadãos que nele participaram, o qual em breve irá ser entregue aos órgãos da União Europeia para ser aprovado. A este propósito é bom recordarmos as volumosas remessas que já jorraram para o nosso país, sem que os seus resultados tenham tido a capacidade de nos ter retirado do último lugar da Europa. Nomeadamente, as populações do interior do país e dos subúrbios das grandes cidades, cujas mazelas se tornaram cada vez mais evidentes ao longo desta dolorosa pandemia. As verbas que temos recebido, desde que entrámos na UE, muitas vezes mal geridas, foram-se sumindo de tal modo, nas mãos dos que têm vivido à beira do poder político que escassos foram os benefícios para melhorar as vidas das populações mais marginalizadas e esquecidas. Sina ou maldição parece que nos tem perseguido ao longo da nossa história, sobretudo a partir dos descobrimentos. As abundantes riquezas oriundas da Índia - pimenta, canela e marfim -, o açúcar das ilhas e do Brasil, de onde jorrou também uma enorme quantidade de ouro. Não esquecendo ainda o negócio da venda de escravos africanos de Angola para o Brasil, para em trabalhos forçados, serem explorados nas plantações da cana do açúcar. Perante este passado que jamais devemos olvidar, por fazer parte da nossa longa história, deveríamos tomar as precauções devidas, para que esta nova oportunidade não se dilua novamente, sem deixar rasto. Como sabemos, no passado recente as mãos dos gananciosos chicos- espertos sempre à espreita, não perdem uma oportunidade e facilmente se lançam às dentadas ao bolo que está prestes a chegar. Importa pois que os governantes adotem as necessárias medidas, para que este lauto manjar atinja toda a população, sobretudo os mais pobres e necessitados da sociedade, nomeadamente os jovens e os desempregados não esquecendo as pequenas e médias empresas. Não se poderá também deixar para trás as crianças e os adolescentes que, segundo uma recente investigação da universidade católica, muitos já se encontram “numa situação psicológica de profunda ansiedade e depressão, muito agitados, tristes, choram com mais facilidade, perguntam mais sobre a morte, mostram-se mais zangados, devido ao confinamento a que têm estado sujeitos, devido à atual situação epidemiológica”. Como sabemos, os 22 milhões de vacinas que Portugal encomendou com os países da UE, vão ser gratuitas, universais e facultativas e serão dadas em três fases. A primeira já abrangeu as pessoas em risco e os funcionários ligados aos serviços de saúde pública e privada, encontrando-se já a dar bons resultados. A segunda fase será administrada nos meses de março e abril e inclui a vacinação das pessoas com mais de 65 anos, com ou sem doenças prévias. A terceira fase, nos meses seguintes, irá abranger a restante população. Sendo assim, segundo os governantes, até ao verão, será provável que a maior parte da população já se encontre vacinada. Como necessitamos de algo para nos agarrar, pois que venha a “bazuca” e as vacinas, para que possamos aspirar a dias melhores. 

florentinobeirao@hotmail.com

COMENTÁRIOS