Estou a fazer agora 65 anos.
Como escrevi a primeira crónica de jornal na Horta aos 15 anos, foram já 50 anos de escrita.
Vou parar em definitivo.
Meio século é muita coisa.
Claro que não abandono a escrita mas de outras formas e em mais altos voos.
Escrevi também noutros jornais e esse material está todo concentrado em poder do meu irmão que é a pessoa ideal para rever tudo, selecionar os melhores escritos, rever gralhas e outros lapsos e depois de escolher "the best of", angariar patrocínios privados e do Governo Regional dos Açores, avançar para a impressão e publicação do trabalho em livro, não sendo de estranhar se surgir o volume I, volume II, etc porque é muito material.
Tive que enviar a encomenda de navio pois os portes do correio por via aérea custavam um balúrdio.
O Hélio tem uma tarefa gigantesca a seu cargo mas sei que está a trabalhar neste assunto com grande prazer e entusiasmo.
Gostaria que o livro fosse barato porque os mais humildes e fiéis leitores não podem gastar muito em livros.
Para mim não quero um cêntimo.
Só me interessa deixar aos filhos uma casa paga, um curso a cada um e uma pasta de elásticos cheia de cartas e postais de pessoas que nem conheço a manifestar apreço por tudo o que escrevi.
Plantei duas árvores cá, várias na minha ilha e muitas hortênsias também.
Não há qualquer problema com o Reconquista e nunca houve qualquer zanga ou amuo.
Agradeço a toda a gente do jornal particularmente ao José Júlio Cruz a paciência para me aturar e fazer algumas vontadinhas.
Estou eternamente grato à vizinha Carla Paulo, marido e filhos.
Durante anos e anos foram eles que passaram os meus textos manuais a computador e, além de os enviarem para o jornal, teclavam aqui e ali e foram semeando a minha escrita para os irmãos em diferentes ilhas e também amigos por outros países deste Mundo de Cristo.
Agora em muitos países avançados está a renascer a muda das máquinas de escrever e a escrita com caneta.
De facto uma carta de um amigo em computador é a coisa mais triste e deprimente deste mundo.
Eu só sinto a alma a saltar para o papel através da tinta.
Desejo tudo de bom ao Reconquista que também iniciou uma nova fase e aos seus leitores de sempre.
Sem menosprezo por ninguém, nunca percam um artigo do dr. Costa Alves. Aprender até morrer.
NOTA: No que me diz respeito a mim Carla Paulo e à minha família foi um prazer ter colaborado com este excelente ser humano, profissional e amigo. Também o meu Obrigada...
Carla Paulo