Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Leitores: Não (n)os deixem fugir!

Rui Freire* - 24/02/2022 - 9:28

60% dos jovens do interior, dos 15 aos 24 anos, pondera mudar-se para o litoral, indica a plataforma Gerador.

Partilhar:

60% dos jovens do interior, dos 15 aos 24 anos, pondera mudar-se para o litoral, indica a plataforma Gerador.
Além do resultado ser preocupante, quantos nem sequer ponderam e mudam sem hesitar? Seja depois de concluído o ensino superior, que é caso genérico em Portugal, seja depois do ensino secundário que é o caso evidente em Castelo Branco.
São várias as notícias que falam sobre atrair jovens e menos jovens para o interior, mas o principal problema tem de ser o de estancar a hemorragia e dar condições para que os jovens nem tenham que pensar em sair. Quantos desses jovens e respetivas famílias identificam a saída para estudar ou trabalhar no litoral como a única escolha e não apenas como uma das várias opções? 
Este desinteresse dos jovens em ficar em Castelo Branco e sobretudo a incapacidade de Castelo Branco em não conseguir cativar estes jovens, faz acentuar o envelhecimento da população e é mais um motivo para a baixa criação de valor na Beira Baixa.
Castelo Branco é hoje um distrito hiper dependente do estado. Pelo aumento exponencial das pessoas em idade da reforma, o peso dos funcionários públicos vs privado e o dos colaboradores de empresas privadas que veem o seu trabalho suportado pelos concursos públicos (seria curioso medir esta dependência em relação a outros distritos do país).
Vários temas interligados que devem ser atacados em várias frentes.  
Como acredito que o problema não se resolve por decreto ou dando subsídios, é preciso dar as ferramentas e informação para o mercado acelerar ou neste caso simplesmente funcionar. 
Uma das ideias é a criação de uma entidade proactiva para acompanhar os jovens desde o ensino básico até ao fim do ensino superior. Com o intuito de informar sobre as necessidades da realidade empresarial do interior e ao “longo do fim” de cada etapa do jovem, dar a conhecer opções e perspetivas de futuro na sua terra.
Com uma relação umbilical ao ensino bárico, secundário, profissional e superior de Castelo Branco, e como sendo uma mais-valia para as empresas do distrito, esta entidade pode e deve dar ao jovens e respetivas famílias a segurança que viver no interior é opção válida.  
Exemplo: 
A Maria decidiu sair de Castelo Branco e estudar numa Universidade em Lisboa, faltam 4 meses para terminar o curso. Porque não enviar informação à Maria com a oferta de trabalho no distrito, atualizada ao momento, com base na sua preferência e nos seus estudos? Ou propor à Maria uma visita a essas e outras empresas da área? Ou mesmo juntar a Maria a outros perfis idênticos que pretendem lançar um projeto próprio?
O José vai entrar no ensino secundário/profissional, porque não dar as bases ao José e à sua família do que o tecido empresarial em Castelo Branco necessita para tempos imediatos e para os próximos 3 anos? 
Não é limitar a escolha ou vocações, é sim informar e dar a conhecer as perspetivas de futuro no distrito e acompanhar esses valores/albicastrenses ao longo do tempo.
Ideias base a serem trabalhadas com outras (como por exemplo “Como criar/atrair investimento para a Beira Baixa”) e sobretudo com uma visão de médio longo-prazo. 


* +1 que saiu de Castelo Branco no secundário e nunca mais se viu.

COMENTÁRIOS