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Sínodo: Jovens expressam preocupação face a algumas conclusões

- 15/09/2022 - 11:16

Mais de meia centena de jovens católicos portugueses escreveram uma carta aos bispos de Portugal e ao Núncio Apostólico em que manifestam a suas preocupações face ao conteúdo do Relatório para o Sínodo 2021-2023.

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Mais de meia centena de jovens católicos portugueses escreveram uma carta aos bispos de Portugal e ao Núncio Apostólico em que manifestam a suas preocupações face ao conteúdo do Relatório para o Sínodo 2021-2023.
Os signatários, de várias dioceses do país, consideram que algumas conclusões plasmadas no documento, elaborado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), denotam um «pendor negativista», para além de fazerem «duvidosas generalizações». A síntese nacional para o Sínodo 2023, apresentada recentemente pela CEP, foi elaborada a partir das sínteses diocesanas.
Na carta, referem que o documento, particularmente no que diz respeito aos jovens, apresenta uma «visão bastante parcial da realidade», esquecendo-se de muitos dos que dedicam tempo ao serviço do Evangelho e da Igreja. 
«Entristece-nos saber que o relatório não tem em conta a experiência de um grande número de batizados, nomeadamente os frutos dos movimentos católicos juvenis que enraizados na fé da Igreja levam esperança ao mundo de hoje», afirmam. 
Citam concretamente os Catequistas, os Grupos de Jovens, os Núcleos de Estudantes, a Missão País, os Campos de Férias Católicos, os grupos de voluntariado jovem, os jovens que levam para a política a Doutrina Social da Igreja e aqueles que garantem a presença do pensamento e cultura cristãs em vários círculos da sociedade portuguesa. 
Mostram-se também preocupados com «a divisão que a instrumentalização das Celebrações tem provocado nas comunidades, grupos e movimentos», alertando que a «liturgia sujeita a subjetividades pessoais, pode confundir e afastar os fiéis, particularmente os jovens, de um espírito celebrativo comum». 
Apontam ainda como preocupação a redução do sacerdócio a uma «função», aludindo para o clericalismo existente «à luz de novas hierarquias sociais marcadas pelas tendências do mundo: sacerdotes empresários, gestores, fazedores do sagrado, instagramers, influencers ou ativistas». 
Mostram, contudo, «grande» gratidão por muitos sacerdotes fiéis ao ministério sacerdotal que os acompanham. 
Os signatários não compreendem nem se reveem na utilização da linguagem das chamadas “identidades e expressões de género”, afirmando que contrariam o Magistério do Papa e dos próprios bispos portugueses. 

Sugestão 
de itinerário 

Os Jovens terminam sugerindo um itinerário que dê resposta à preocupação do Papa, propondo uma tomada de consciência do que é a Igreja, fazendo um «justo diagnóstico das necessidades de evangelização à luz da Palavra de Deus e da Sagrada Tradição», redescobrir os «Dons de Deus presentes na Sagrada Liturgia», aprofundar o estudo do catecismo (youcat) e a necessidade de «desmistificar a ideia de que o Bom, o Belo e o Verdadeiro não é compreensível na faixa etária juvenil, promovendo a sã piedade e o cuidado com “as coisas de Deus”, não esquecendo a importância de partilhar as boas práticas e experiências das comunidades cristãs». 
No início da carta, questionam a metodologia da recolha de dados e a sua análise, notando que «a amostra geral deste Rela-tório nacional e dos relatórios das Dioceses portuguesas não cumprem os requisitos mínimos de base da metodologia de investigação em Ciências Sociais». 
Por outro lado, consideram que o documento passa a ideia de uma Igreja como «mera organização social e não como uma realidade sacramental em ordem à Salvação». 
«Percebe-se a existência de uma deturpação da ideia de sinodalidade para uma lógica plenária que confunde os fiéis e os faz ter uma ideia “parlamentar” e “referendária” da Igreja, da Doutrina e até da hermenêutica evangélica», assinalam. A carta é assinada por 61 jovens, entre os quais quarto da diocese de Portalegre-Castelo Branco.

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