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Leitores: Em tempo da Covid-19, um jornalista eterniza o viver das gentes de Monsanto

António Silveira Catana - 11/05/2020 - 16:56

Um bem-haja, bem beirão, ao brioso profissional, João Pedro Mendonça, jornalista da RTP, que não conheço pessoalmente, e é o autor do precioso texto e das singulares imagens da reportagem.

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Como sou avesso a noticiários televisivos, por serem, na maioria das vezes, repetitivos e semeados de tristezas e de misteriosas histórias de vida não edificantes para ninguém, habitualmente, apenas me interesso, pelo da RTP 2 das 21H30 às 22H00.

Anteontem, uma abençoada amiga de nome Cristina, monsantina de gema, residente em Lisboa, enviou-me uma mensagem informando: 6MAIO2020_21H05, na RTP 1_CONFINAMENTO EM MONSANTO_REPORTAGEM JOÃO PEDRO MENDONÇA.

Bendita a hora em que marquei, de imediato, o lembrete no télélé.

Após ter assistido, ao encerramento do Telejornal das 20H00, de ontem, dia 6 de Maio, com esta pérola de reportagem, eu até nem queria acreditar no que tinha acabado de ver e ouvir!!!

Como foi possível, em tempo de uma pandemia, cujo efeito provocou o desacelerar do mundo, que, nesta jóia turística, a aldeia de Monsanto, situada em território do interior fragilizado pela forte regressão demográfica, apenas com um telemóvel, certamente de boa qualidade, o primoroso jornalista confinado ter conseguido retratar admiravelmente as vivências de um povo envelhecido e arraiano, envolvido, em plena primavera, pelo aroma das flores silvestres e em que de forma natural e encantadora ressaltam entranhadas na massa do sangue, as mais belas orações e canções tradicionais, eivadas dos ideais mais puros?

Como foi possível, apesar do inesperado e malvado vírus ter afastado as visitas dos familiares, dos amigos e dos turistas nacionais e estrangeiros que costumam inundar as ruas da singular e pacata aldeia mais portuguesa de Portugal, embora, felizmente, ainda sem infectados, neste concelho de Idanha-a-Nova, embevecer-nos com a força da religiosidade popular manifestada em devoções de grupo, agora cumpridas de forma singular, por uma afeiçoada e genuína guardiã?

Como foi possível assistirmos a entrevistas com profundidade, aflorando heróicos episódios de vida, numa postura simples, cordial e acolhedora como a do escultor do granito que dá vida a santos e como pintor naif perpetua figuras típicas monsantinas, da região e a do consagrado escritor Fernando Namora que percorrera as veredas ao redor da íngreme aldeia, na qualidade de médico, ao visitar os doentes isolados em casebres?

Como foi possível, em sereno ambiente rural, o jornalista de fina água João Pedro Mendonça revelar-nos um camponês, que foi emigrante na Alemanha, desfiando memórias de combatente heróico, na Índia, e imprevisivelmente o mesmo camponês, com o coração rico de humanidade, ordenar a uma porca que se coloque a jeito para que este lhe afague carinhosamente as “maminhas”?

Como foi possível, o citado jornalista confinado, ter captado a sublime riqueza da variedade de flores silvestres, algumas a serem beijadas suavemente pelas abelhas e também captar o surpreendente e enorme enxame das mesmas pousado na parede de uma esquina de uma das ruas estreitas com muitas ladeiras da aldeia?

Um bem-haja, bem beirão, ao brioso profissional, João Pedro Mendonça, jornalista da RTP, que não conheço pessoalmente, e é o autor do precioso texto e das singulares imagens da reportagem. Pode crer que a sua reportagem foi um trabalho de excelência, não só para mim, mas para milhares de espectadores. Saiba também que ainda maior é a minha admiração por si, quando agora dei conta das palavras que proferiu, num humilde e encarecido apelo, para anunciar, na RTP 1, a encantadora reportagem que sózinho realizou, e que passo a transcrever:

«- Foram 3 semanas de estranho exercício. A televisão é um trabalho de equipa. Não tenho equipa. Mas neste lar a céu aberto chamado Monsanto, a riqueza - as pessoas - obrigou-me a arriscar. Em nome delas, dos meus companheiros de trabalho que só têm uma máscara para proteger a vida, da minha sanidade mental, fiz. 1 telemóvel, um selfie stick, um tripé de fotografia, um computador, um piano.

A reportagem estreia amanhã, quarta feira, às 21. Quero muito que vejam. Os protagonistas merecem. MUITO!»

 

Veja aqui a reportagem

COMENTÁRIOS

jmarques
à muito tempo atrás
?
Reconquista
à muito tempo atrás
Caro JMarques. Está desfeito o mistério. O seu comentário a este texto foi colocado na notícia das visitas ao lares, daí não bater certo. Para lhe facilitar a vida iremos transferir para aqui. Obrigado pela paciência.
JMARQUES
à muito tempo atrás
Gostei! Excelente reportagem, cultura, tradição, religiosidade, natureza e carinho pelos animais.Mas como dizem na Beira Baixa, o autor da ideia de colocar parquímetros naquele ambiente, "bem pode limpar as mãos à parede" e agora ir lá ele meter as moedas ou o cartão (MB), só se pode justificar pelo facto do município de Idanha-a-Nova se dizer "cidade criativa".Isto não e criatividade, é ganância!
João Pedro Mendonça
à muito tempo atrás
Obrigado. Do fundo do coração.
jmarques
à muito tempo atrás
Beira Baixa, Monsanto, ciclismo, três palavras chave.
Afonso claude
à muito tempo atrás
Merveilleux, ce type de reportage permet d'aimer le pays de mes ancêtres.