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Norma de robótica mundial tem dedo albicastrense

João Carrega - 29/10/2021 - 12:16

Paulo Gonçalves, docente na Escola Superior de Tecnologia, é um dos co-autores da norma internacional de robótica autónoma que normaliza a relação com humanos e entre robôs.

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Paulo Gonçalves participou na elaboração da norma

O professor coordenador da Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco, Paulo Gonçalves, é um dos coautores de uma norma internacional sobre robótica autónoma e que recentemente foi aprovada internacionalmente, no seio do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE).

A aprovação desta norma é um passo importante para o desenvolvimento do setor em termos internacionais e destina-se sobretudo a projetistas e fabricantes de robôs, investigadores de robótica, especialistas na indústria da robótica e automação, utilizadores de robôs e decisores políticos.

O também investigador Sénior no Instituto de Engenharia Mecânica, Instituto Superior Técnico explica ao Reconquista “que esta norma assume particular importância pois pretende que o hardware e software dos robôs e da sua envolvente possam interagir. Mas também que possam interagir com pessoas”.

O docente albicastrense fez parte do grupo de trabalho "Standard for Autonomous Robotics Ontology" do qual é Vice-Chair. “A norma agora aprovada vem no seguimento de uma outra que fizemos, em 2015, em que se fazia a representação de todo o conhecimento do robô, isto é todos os componentes que se podiam incluir no robô”.

O objetivo “é que o robô execute certas tarefas de forma autónoma”, começa por explicar.” Com a norma queremos definir como é que ele interage com tudo o que está à sua volta”.

Neste contexto, Paulo Gonçalves sublinha que “os comportamentos dos robôs são muito importantes. Podemos programá-los com atitudes pré-existentes. Por exemplo, quando queremos que eles façam um determinado tipo de soldadura, ou que tenham um comportamento quando estão a percorrer um corredor. Ou seja, nós desenvolvemos todos os conceitos básicos para que se possam escrever numa antologia todos estes programas baseados nestes princípios. É isso que permitirá uma interoperacionalidade entre todos os outros sistemas”

O investigador lembra “que quando o robô executa uma tarefa não está sozinho, trabalha com outros robôs e com humanos. Por exemplo, temos um robô que opera num determinado ambiente, em conjunto com outro. Os dois precisam de ter conhecimento de tudo o que está à sua volta. Na norma nós dizemos como isso pode ser feito, mas descrevemos também o comportamento do robô. Se temos um robô que está tirar a loiça da mesa e leva um prato de um sítio para o outro, esse conhecimento de interação entre os objetos fica guardado no sistema interno. Essa informação é partilhada com outro robô e com tudo o que está à sua volta. Da próxima vez que um humano lhe perguntar onde é que está esse objeto, ele sabe e vai buscá-lo”.

Todas estas situações devem estar “estandardizadas na programação de robôs, de forma a que permita a relação com humanos”, esclarece.

O resumo da norma pode ser encontrado numa recente publicação na IEEE Robotics and Automation Magazine, publicação de elevado impacto na área de Automação e Robótica.

FUTURO Paulo Gonçalves recorda que este é um processo em evolução e que vão “surgir novas normas que especificam para determinados tipos de domínios quais as interações possíveis. Isto porque aquela que agora vimos aprovada apresenta os conceitos base. A partir daqui, e tendo em conta as interações que possam existir dentro de uma determinada indústria ou serviços, irão surgir outras normas”.

O docente realça o facto das normas serem desenvolvidas por grupos de trabalho que integram investigadores europeus e norte americanos, sendo que nesta “norma estiveram envolvidos muitos europeus”.

A necessidade que as próprias indústrias sentem em ter critérios bem definidos tem tido resposta das academias e dos investigadores. “O grupo de trabalho tem pessoas ligadas à indústria. E no nosso trabalho procuramos adaptar a norma à indústra. O grande problema é que os sistemas são cada vez mais complexos e têm que interagir uns com os outros. Nós procuramos criar a base para essa interação possa existir”, esclarece.

O futuro poderá passar também pela chamada robótica colaborativa. Paulo Gonçalves diz que “estão a dar-se os primeiros passos nessa área. Já existem algumas experiências, inclusivé a funcionar na indústria, mas ainda não está definido todo o seu potencial. Acreditamos que com esta norma isso possa acontecer”.

O investigador considera, no entanto, que esse desenvolvimento pode ser mais importante “na área da robótica de serviços, de modo a que possa ser utilizada na casa das pessoas onde os problemas são mais complexos, pois os ambientes são diferentes”.

De referir que o trabalho do Grupo de que Paulo Gonçalves faz parte começou em 2012, embora só “em 2017 tenha sido criado oficialmente. Ao longo dos anos foram publicados seis artigos em revistas internacionais de elevado impacto, na área da Automação e Robótica, para além de dois workshops e três sessões especiais em conceituadas conferências internacionais”, diz o Instituto Politécnico de Castelo Branco na nota que nos foi enviada.

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