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Leitores: O desenvolvimento sustentável e o interior

Telma Catarina Gonçalves - 19/05/2022 - 9:56

Conseguir viver bem no presente e garantir que os nossos filhos e as próximas gerações vão viver pelo menos tão bem como nós: eis o que quer dizer desenvolvimento sustentável.

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Conseguir viver bem no presente e garantir que os nossos filhos e as próximas gerações vão viver pelo menos tão bem como nós: eis o que quer dizer desenvolvimento sustentável.
1. O Propósito
A primeira razão pela qual nos devemos bater pelo presente e pelo futuro é a mesma de sempre: as pessoas, o centro de qualquer política de desenvolvimento. As (i) Pessoas precisam de uma casa, o (ii) Planeta. Precisam de um progresso económico que respeite os limites físicos do Planeta e que lhes dê sustento, realização e atenue as desigualdades, ou seja, de (iii) Prosperidade e (iv) Paz. Como ninguém é grande sozinho as (v) Parcerias tornam-se uma parte importante deste sistema: não há ninguém que seja dispensável ou menos importante. 
2. A Estratégia  
O propósito pode ser bonito e soar bem, mas são ações concretas que precisamos. A Organização das Nações Unidas, ciente dessa urgência chamou ao decénio 2020-2030, «A Década para a Ação» em sustentabilidade e na sua estratégia de desenvolvimento, a Agenda 2030, deixa claras 17 linhas de ação para cumprir o propósito e quais os resultados a entregar (metas). 
O acrónimo ODS – objetivos do desenvolvimento sustentável – pode ter-lhe passado despercebido, mas acredite: vai influenciar a sua vida mais do que imagina.
3. A influência
Os ODS devem orientar e balizar qualquer estratégia, independentemente do seu nível de abrangência. Não, não é uma coisa apenas para Nova Iorque, Bruxelas ou Lisboa e também não é um «borrão verde para inglês ver». É um modelo de desenvolvimento que além de respeitar os limites do planeta, é criativo, puxa pela inovação e é para todos. 
Desengane-se se pensa que desenvolvimento sustentável é só ambiente. É um sistema. É claro que o ambiente é uma das suas dimensões, mas extravasa o combate às alterações climáticas, a sequestração do carbono e a plantação de árvores. Há outras variáveis como a igualdade de género, a saúde, a educação, a manutenção da paz, o ordenamento das cidades, o fim da pobreza e da fome, o trabalho digno. As dimensões do desenvolvimento sustentável não são estanques, cruzam-se, interligam-se.
4. A relevância
O INE (Instituto Nacional de Estatística) monitoriza desde 2018 o grau de cumprimento dos ODS em Portugal, numa lógica de transparência, prestação de contas e entrega de resultados. 
Os ODS estão mais presentes as ações de financiamento público nacional e europeu em que os candidatos a esse financiamento têm de demonstrar para que ODS estão a contribuir e como é que contribuem (medir resultados); empresas e organizações estão a indexar o seu desempenho aos ODS e a premiar os colaboradores em função dos mesmos, em vez de o fazerem apenas com base no resultado líquido (critérios financeiros).   
Numa altura em que a Europa vive tempos de sobressalto com uma guerra dentro de casa, uma pandemia que ainda não passou, uma das maiores dívidas de sempre e uma inflação persistente é tempo de proatividade e puxar pela diferenciação sustentável dos territórios. 
Acrescem ainda as alterações climáticas. O Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de agosto último foi muito claro: Portugal é uma das regiões mais vulneráveis do mundo. Este foi o aviso mais duro de sempre da comunidade científica até agora sobre alterações climáticas.  
5. E o interior?
O interior pode sair seriamente prejudicado pela seca e menor disponibilidade de água; a probabilidade de ocorrerem mais incêndios com climas mais secos é outra consequência. Mas os concelhos do interior podem tornar-se mais atrativos e diferenciadores através de uma gestão inteligente e sustentável dos seus ativos. Eis algumas pistas: 
• Valorizar as Pessoas seja através de emprego de qualidade, seja pela criação de modelos de participação coletiva;
• Valorizar economicamente o capital natural – natureza, biodiversidade, florestas (Planeta); 
• Fazer uma aposta forte da reciclagem das receitas, ou seja, garantir que são aplicadas em projetos alinhados com o desenvolvimento sustentável (Prosperidade);
• Atrair investimento sustentável (Prosperidade);
• Obter uma perspetiva agregada e sistémica do território e dos seus atores (munícipes, empresas, instituições, municípios vizinhos, ambiente), cada um com as suas expetativas e perspetivas. (Parcerias)

Economista

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Sem querer ser arauto das desgraça, pare-me que quem nasceu na segunda metade do século XX, nasceu no melhor período da história até hoje, com PAZ e PROSPERIDADE.