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Nuno Alves: Não é um adeus, é um até já!

Artur Jorge - 22/07/2019 - 9:12

Proença-a-Nova: O senhor dos sete instrumentos sentiu necessidade de fazer uma pausa. “O último ano foi muito desgastante a todos os níveis. Sobretudo o emocional”, refere.

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Nuno Alves (à dri.), aqui com André Seabra, da Football School (FPF) encerrou um ciclo no dirigismo

Nuno Alves, o dinâmico agente desportivo que na última década dividiu dedicação e conhecimento pelos clubes de Vila de Rei e Proença-a-Nova, encerrou um ciclo da sua vida. Passou a pasta dirigente, arrumou as botas que, durante épocas, fizeram dele um goleador de eleição na divisão distrital da AF Castelo Branco, e – agora – quer dispensar tempo e atenção aos que lhe são mais próximos. Certo, certo, tem a continuidade da sua relação profissional com o desporto na autarquia de Proença-a-Nova, onde é técnico superior com formação académica.

Duas semanas após ter cessado funções como presidente da ADC Proença-a-Nova, fechando um percurso de seis anos, o professor revela ao nosso jornal o estado de alma. Diagnostica o que foi feito, o motivo da decisão e aborda com frontalidade algumas perspetivas futuras. A AF Castelo Branco seduze-o? É uma resposta que pode ler em anexo.

Há um sempre um momento em que temos de dizer chega! O do Nuno Alves aconteceu agora?

- “Foram dez anos intensos como presidente: quatro em Vila de Rei e seis em Proença-a-Nova. Dediquei-me apaixonadamente aos projetos. Trabalhei, trabalhámos em equipa, para que as coisas corressem bem. Para que os clubes crescessem e alcançassem outra esfera desportiva e social. Este último mandato, particularmente, foi muito desgastante. A todos os níveis. Sobretudo o emocional”.

Quando sentiu que estava na altura de “passar a pasta”?

- “Em janeiro fundamentei essa perceção. Senti, claramente, que tinha de fazer uma pausa. Dar lugar a outras pessoas. Muito pelo cansaço. Também com a convicção de que o trabalho mais complicado tinha sido feito e que teria continuidade por gente competente. Como acabou por acontecer com a eleição da nova direção, liderada por Carlos Proença”.

Como encontrou a ADC? E como a deixa?

- “Pediram-me um trabalho sólido, assente na formação. Há seis anos, o clube tinha uma equipa de iniciados, uma de juvenis e os seniores. Entre 50 a 60 atletas. Iniciámos o projeto futebolístico com crianças a partir dos três anis. Conseguimos logo ter todos os escalões. Passámos de um universo de 60 atletas para 200. Contratámos técnicos a tempo inteiro e lançámos novas modalidades: atletismo, badminton, fitness e patinagem”.

O campo das infraestruturas não foi descurado…

- “Mudámos o relvado sintético, através de uma candidatura bem-sucedida a um programa lançado pela FPF. E antes da minha saída, fomos contemplados por outra candidatura, ganha no IPDJ, para balneários. Temos dois e brevemente serão seis. Oferecerá a toda a estrutura comodidade e melhores condições de trabalho”.

Proença-a-Nova na Gothia Cup. Um marco repetido por três vezes.

- “É o maior torneio de formação do Mundo. Quando lancei essa possibilidade, diziam-me que era uma utopia. Para não dizer outra coisa! Com o envolvimento da direção, dos pais, dos atletas, treinadores, município e demais parceiros, foi possível. E com excelentes prestações”.

É um adeus ao dirigismo, ou um até já?

- “O desporto é a minha vida. Mas necessitava, imperiosamente, de fazer uma pausa. Este último ano desportivo foi muito difícil. Ficámos sem a Filipa Martins e sem o Carlos Tereso. De forma abruta. Nada é mais valioso que a vida. E tudo isso fez-me pensar. Pensar muito. Para além do desgaste de dez anos… de segunda a domingo. Praticamente dez meses ininterruptos por ano. A ADCPN já mexe muito com a sociedade proencense e ‘obriga’ a estar permanentemente ativo. Em trabalho. Perspetivas futuras? Para já não tenho nenhuma neste âmbito. Quero descansar”.

Fica, para já, ‘apenas’ com a relação profissional com o desporto? E jogar? Treinar?

- “Jogar? (risos)… Só se for nos veteranos. Tenho praticamente 41 anos! Ainda não tive tempo para pensar no Nuno Alves treinador, ou outra coisa qualquer. Aprecio as várias áreas do futebol, seja treinador, seja o dirigismo, ou a organização de eventos. Mas neste momento o que tenho certo é a minha área profissional como técnico superior de desporto do Município de Proença-a-Nova. E ver se concluo o Mestrado”.

 

 

 

ESTARÁ NO HORIZONTE DE NUNO ALVES UMA CANDIDATURA?

“A Associação de Futebol está muito bem entregue”

Nuno Alves quer passar por um período sabático, mas não fecha a porta a futuros desafios. “Sim, gosto de desafios, mas neste momento não penso em nenhum em específico”. Nem à AF Castelo Branco, que tem eleições em 2020?

- “A Associação de Futebol está muito bem entregue a Manuel Candeias. Uma pessoa que estimo e que apoio desde o início. Nas divergências que tive e nas propostas de melhorias que fiz, fi-lo diretamente com quem de direito e nos locais adequados. Só assim se pode progredir. O trabalho do atual presidente é reconhecido no distrito e na FPF, onde está muito bem visto, como foi percetível na última Gala. É muito mais difícil conduzir uma associação de futebol no interior do país do que no litoral, onde há, incomparavelmente, mais clubes e atletas”.

Posto isto, conclui: “Se um dia se proporcionar a hipótese de uma candidatura, irei equacioná-la. Como qualquer outra. Neste momento, penso que não será hipótese… Tenho total confiança e apoio Manuel Candeias”.

 

 

 

Carlos Proença é o senhor que se segue

Carlos Proença é o novo timoneiro da ADC Proença-a-Nova. Sucede a Nuno Alves, que aprova a eleição do seu ex-vice-presidente: “A ADCPN continua e bem com uma nova direção e com alguém que levo para a vida no coração. A competência, lealdade, capacidade de trabalho e o querer de Carlos Proença, são reconhecidas por todos. O clube está bem entregue e tem uma boa equipa consigo”.

Nas redes sociais, Nuno Alves deixou agradecimentos, desde as autarquias aos patrocinadores. “Espero que continuem a ajudar”, desafiou.

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