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Leitores: O desporto albicastrense. Iniciar o debate imprescindível

José Dias Pires - 17/02/2022 - 9:54

Os mais recentes desenvolvimentos desportivos na comunidade albicastrense, especialmente os que perfilam um quadro competitivo federado, impõem-nos a todos (e em particular a quem tem responsabilidades comunitárias) que tratemos o desporto albicastrense com mais atenção, com a importância que merece e, sobretudo, com mais conhecimento.

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Os mais recentes desenvolvimentos desportivos na comunidade albicastrense, especialmente os que perfilam um quadro competitivo federado, impõem-nos a todos (e em particular a quem tem responsabilidades comunitárias) que tratemos o desporto albicastrense com mais atenção, com a importância que merece e, sobretudo, com mais conhecimento. 
Todos sabemos que a atividade física e a criação de hábitos desportivos começam em casa, enriquecem-se na escola, sistematizam-se, de forma organizada, na comunidade e tornam-se sustentáveis nos locais institucionais onde se tomam decisões.
Para que tal aconteça são necessários instrumentos que capacitem a observação, o acompanhamento, a regulação e a facilitação da atividade desportiva federada, não federada, associativa e individual.
A realidade desportiva e competitiva na comunidade albicastrense é muito diversa, tanto na prática como nos resultados. Se por lado podemos observar, e regozijar-nos, com vários e entusiasmantes exemplos de sucesso (com saliência para o basquetebol e as artes marciais), pelo outro importa analisar, com muita atenção e denodo, os insucessos que a todos nos devem preocupar (especialmente no futebol sénior, mas não só).
Os sucessos e insucessos têm causas próximas e remotas correspondentes ou resultantes de uma boa estruturação global (os primeiros) ou de uma falência, inadequação, ou mal concebida estrutura interna e enquadramento comunitário (os segundos).
É chegado o tempo de iniciar o debate imprescindível que nos leve a estudar o desporto albicastrense e a perceber-lhe as virtualidades e deficiências para que se possa ter uma ideia de futuro a partir da realidade atual, potenciando o que tem de positivo e transformando radicalmente o que integra de negativo. 
Só desta forma haverá condições para se poderem aplicar os instrumentos fundamentais das políticas de desenvolvimento desportivo que assentam num conjunto de fatores que as sustentam. Ignorá-los ou desconhecer a forma de os trabalhar, são uma prévia condenação ao insucesso.
Importa ter em atenção o Enquadramento Político e Técnico dos Decisores Desportivos que passa por uma clara Organização e Planeamento capaz de estabelecer a coordenação dos vários agentes desportivos e evitar a sobreposição de funções, projetos e práticas. 
Para que tal aconteça é indispensável a existência de uma Carta Desportiva Concelhia que enquadre um Plano de Desenvolvimento Desportivo. 
Estes dois instrumentos serão pilares determinadores de sinergias, interações e partilhas de recursos e meios capazes de promover sustentabilidade e cativação do interesse e adesão comunitária quer à prática desportiva quer à participação enquanto público assistente e apoiante das práticas competitivas.
Há um sentimento de pertença às propostas de atividades desportivas federadas que se tem vindo a perder em muitas modalidades coletivas devido à pouca, e quase residual, participação de atletas formados localmente no que às equipas seniores concerne.
A relação entre os custos efetivos e a sua implicação comunitária, por ser tão pouco evidente, tem determinado um crescente afastamento e desinteresse empresarial, familiar e individual.
Não é por falta de Instalações e Equipamentos que tal acontece. Importa, contudo, realizar um cadastro completo dessas instalações e equipamentos para perceber em que condições se encontram, quem e que atividades servem, qual a sua ocupação e que prognósticos de necessidades se podem perspetivar a partir desse levantamento.
 A verdade é que atual situação de uma forte inconsistência na relação entre a comunidade e as atividades desportivas associativas (salvo as raras e muito positivas exceções) nos deve preocupar a todos e alertar-nos para o que é fundamental fazer-se.
E o que é fundamental fazer-se?
Promover a Organização e Projeção Comunitária dos Clubes e Associações na implicação dos seus objetivos competitivos através da definição da sua Missão Desportiva.
Contudo, tal só será possível se se conseguir promover um conjunto de Projetos, Programas e Atividades, com especial enfoque no Desporto Escolar para, através dele, se conseguirem criar hábitos de prática desportiva comunitária de rua e de bairro, que se vêm perdendo há décadas.
Só uma eficaz conjunção entre a Organização, Projeção Comunitária, definição da Missão Desportiva e os Projetos, Programas e Atividades poderá contribuir para um Financiamento Autárquico racional, eficiente e equitativo.
A não existência de um Plano de Desenvolvimento Desportivo na comunidade albicastrense fez-nos chegar à situação em que nos encontramos hoje: um desalinhamento real entre os diferentes agentes comunitários e um fraco aproveitamento das competências de Documentação, Informação, Investigação, e Formação de Recursos Humanos existentes na área do desporto no Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Há, pois, no que ao desporto albicastrense diz respeito, um problema antigo de Conhecimento e Comunicação.
Esse problema, ainda por resolver, tem implicado alguns dos insucessos, alguma vezes ancorados em atropelos de gestão e planificação que importa remediar.
Historial, número de associados, património, modalidades praticadas, praticantes, atividades de expressão comunitária desenvolvidas, são dados fundamentais para se poder estudar o desporto albicastrense e ter uma ideia de futuro a partir da realidade atual.
Por fim, para concluir esta abordagem muito incompleta, mas que senti como absolutamente necessária fazer enquanto cidadão e autarca, sem qualquer receio em que possam confundir-se os papeis, porque pretendo, de forma inequívoca que se integrem, quero ressaltar a importância da promoção de atividades desportivas comunitárias, por parte de todos os intervenientes já referidos, pois é absolutamente indispensável lembrar que a grande maioria da população não está integrada nos quadros competitivos federados nem é frequentemente atraída ou abrangida, associativa e institucionalmente por projetos, programas e atividades de implicação desportiva com caráter comunitário que importa proporcionar-lhes pelos três pilares do sistema desportivo concelhio: as autarquias, as escolas e as associações.
Como falamos de desporto, é este o meu pontapé de saída para iniciar o debate imprescindível sobre o desporto albicastrense.
Espero por outras vozes.
José Dias Pires

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