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"O problema é Lisboa não conhecer estas regiões”

João Carrega - 11/07/2022 - 11:42

O segundo encontro de autarcas do centro reuniu, em Oleiros, 18 municípios. A descentralização, vias de comunicação e desburocratização são temas a abordar no Fórum que irá ser feito.

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O encontro reuniu 18 autarcas de toda a região centro

A maioria dos autarcas da região centro do país concorda com a necessidade de se criarem melhores vias de comunicação e de se desburocratizar a administração pública. Na passada sexta-feira, em Oleiros, 18 presidentes ou vice-presidentes de Câmara, do litoral ao interior da zona centro do país, reuniram-se pela segunda vez e apontam agora baterias para a realização de um Fórum regional, de onde possa sair um documento para levar ao Governo.

A ideia foi lançada pelo presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, e acolheu a concordância dos autarcas de Coimbra, Figueira da Foz, Oleiros, Sertã, Vila de Rei, Vila Velha de Ródão, Penamacor, Belmonte, Idanha-a-Nova, Cantanhede, Penacova, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pedrógão Grande, Ancião, Pampilhosa da Serra e Proença-a-Nova.

A reunião foi mais uma vez promovida por Fernando Jorge, presidente da Câmara de Oleiros, para quem este encontro pretende “ajudar o Governo a apoiar toda esta região. Não nos queremos substituir às Comunidades Intermunicipais”. Aliás, para os autarcas seria importante que as próprias Comunidades pudessem participar em futuros encontros. Fernando Jorge voltou a levantar a necessidade de ser criada uma ligação (IC31) que permita a ligação em autoestrada entre Madrid e a Figueira da Foz.

O autarca de Oleiros alertou para a necessidade de valorizar os produtos endógenos e lamentou o facto das empresas que trabalham no setor da madeira terem que importar essa matéria prima, quando estão instaladas numa zona de floresta e pinhal. “Não é darem-nos quatro euros por hectare que podemos fazer o reordenamento da floresta. O poder central tem que ter atenção para com os seus municípios”, disse, para depois dar mais um exemplo: “não é justo que se queira colocar painéis solares no Cabril e se pretendam fazer transvases sem que os autarcas tenham conhecimento”.

Pedro Santana Lopes, antigo Primeiro Ministro e atual presidente da Câmara da Figueira da Foz, alertou para os perigos da reformulação da organização do país. “Às vezes há mais centralismo regional que nacional”, disse lembrando que “o problema de Lisboa é não conhecer este território. Se conhecessem o processo de decisão era importante. Se nestes próximos cinco as decisões adotadas não forem bem estudadas, vamos estar séculos parados”.

O antigo Primeiro Ministro considera que o aeroporto no Montijo ou em Alcochete não serve a região centro. “O problema é que quem influencia as decisões é o concessionário”. Também José Manuel Silva, presidente da Câmara de Coimbra, considera importante a questão do aeroporto e voltou a reclamar “um aeroporto para a região centro do país. Isso deve ser posto na agenda, independentemente do local em que fique”.

Vitor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, abordou a questão da reorganização do mapa das Comunidades Intermunicipais. “Covilhã e Fundão pouco têm a ver com as Beiras e Serra da Estrela, mas sim com a Beira Baixa”. O encontro contou ainda com intervenções da maioria dos autarcas, ficam definido a realização de um Fórum, com programa definido, para que seja aprovado um documento a entregar à tutela.

COMENTÁRIOS

Francisco Soares
à muito tempo atrás
Aquando das eleições autárquicas e legislativas, é ouvir os candidatos e até o atual Primeiro Ministro apelarem ao voto nos seus partidos, pois com as facilidades de contacto de uns com os outros, as soluções dos problemas destas populações do interior ficam muitas vezes à distância de uma simples chamada telefónica. Este artigo e as declarações do Presidente da ANACOM que a Reconquista faz referencia tambem hoje, mostram como a realidade é bem diferente do que é dito nas campanhas eleitorais.