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Leitores: IC31, o nunca vence e o sonho tarda

Cláudia André - 16/02/2023 - 10:26

Duvido muito, não das boas intenções da senhora ministra, mas sim da capacidade de “fazer obra” deste governo.

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Cláudia André. Foto Reconquista

No passado dia 3 de fevereiro, fui convidada a integrar a reunião promovida pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) sobre o IC31, com a presença da Senhora ministra da coesão territorial, Ana Abrunhosa, e o Senhor ministro das infraestruturas, João Galamba.
Na companhia dos senhores presidentes das câmaras municipais da CIMBB, assisti à apresentação dos planos para os planos desta via que é estrutural para o país. 
Na sua exposição, os documentos continham o título “IC31 – Castelo Branco/Monfortinho - Pressupostos/mecanismos de atuação/propostas”, espelhando bem o conteúdo daquela reunião, um anúncio de pressupostos e propostas, tal como o governo PS nos tem habituado.
Foi curioso assistir ao ignorar das memórias recentes quando o IC31 foi anunciado como integrado no PRR e o então ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos me respondeu numa audição no parlamento há cerca de dois anos, que o IC31 teria de ser realizado até 2026, caso contrário não se realizaria. 
Igualmente “curioso” foi constatar que também já estava esquecido o episódio em que o IC31 foi retirado do PRR por opção do governo liderado pelo mesmo primeiro-ministro que foi aclamado naquela reunião, quase como um herói, por ter autorizado a elaboração dos atuais planos para o IC31.
É evidente que estas memórias seriam justa e facilmente esquecidas se naquela reunião o anúncio se centrasse na data em que “as máquinas iriam para o terreno” e que essa data fosse realmente próxima do nosso presente. Contudo, o que assistimos foi a um anúncio sobre os próximos anúncios, avisos, pareceres e elaboração de projetos, uns até 2026 e outros para 2027. Só após estas datas será aberto o concurso público para a empreitada da obra, ou seja, segundo o cronograma apresentado naquela reunião, até 2027, máquinas e estrada, nem vê-las.
Alguns pensarão “mais vale tarde que nunca”, o que é verdade, mas o “tarde” vem de há muitos anos o que tem transformado esta obra em “nunca”. Por esta razão duvido muito, não das boas intenções da senhora ministra, mas sim da capacidade de “fazer obra” deste governo.
Mais surpreendente é sabermos que o IC31 serve o interesse de grande parte do país, uma vez que aproxima o centro e sul litoral de Portugal a Espanha, sobretudo a Madrid, facilitando o escoamento das nossas mercadorias para toda a Europa e facilitando a chegada de turistas de toda a região central da Península Ibérica. No entanto, tal como já estamos habituados a assistir, quando existe um investimento no interior, este é entendido por boa parte do governo, como um “favor” àquele território e nunca como um investimento de interesse nacional, mesmo que o seja. O IC31 não é exceção, é evidente pela demora na sua realização e pelo financiamento agora dependente das verbas do leilão das frequências do 5G.
O único ponto positivo da reunião do dia 3 de fevereiro, foi o facto de se ver reconhecida a importância de projetar um itinerário com 2x2 vias. Mérito dos autarcas das câmaras municipais, juntas de freguesia e assembleias municipais, pela persistência e insistência exercida para que este itinerário se realizasse com quatro faixas, tal como a autoestrada que existe do lado de lá da fronteira.
Em conclusão, o governo recuou, o que é positivo, e comprometeu-se realizar um traçado de 2x2 faixas no IC31. No entanto, não podemos ignorar que foi comunicada a intenção de uma obra que não se iniciará antes de 2027, surgindo assim a pergunta, que crédito poderá ter o anúncio de uma obra, 60 Km de estrada, quatro anos antes do possível início da mesma? Deixo a resposta ao livre-arbítrio de cada um.

Deputada do PSD na Assembleia da República, eleita pelo círculo eleitoral de Castelo Branco

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