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Organologia: Música e debates entre Castelo Branco e Fundão

José Júlio Cruz - 19/08/2021 - 20:00

É a segunda vez que a cidade albicastrense recebe a iniciativa. Associação que a promove está sediada em S. Vicente da Beira desde 2010.

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Sé de Castelo Branco será palco do último concerto

O 10º Congresso Internacional de Organologia vai realizar-se em Castelo Branco nos próximos dias 27, 28 e 29. A organização referiu esta semana ao Reconquista que cerca de uma centena de pessoas dos quatro cantos do mundo estão envolvidas no evento e nele irão participar de forma presencial e online nas diferentes atividades e concertos que se irão realizar quer no concelho albicastrense quer no do Fundão.

Esta iniciativa está mais uma vez a cargo da Associação Nacional de Instrumentos Musicais (Animusic) que tem sede na Quinta da Lira em S. Vicente da Beira.

Esta associação está formada desde 2010 e estuda praticamente todas as vertentes musicais, instrumentos, sons, acústica, conservação e mecânica, sendo o órgão apenas uma das suas áreas de estudo.

Tal como a própria organização, o congresso é muito mais abrangente do que o instrumento em si que lhe dá nome e vai trazer à região albicastrense diversos especialistas e músicos. Patrícia Lopes Bastos, da Animusic, refere na introdução que faz a este 10º Encontro Científico Internacional para o Estudo sobre Som e Instrumentos Musicais que “as conferências internacionais da Animusic fazendo a ponte de uma forma tão especial entre as esferas da Ciência e da Arte, acolhem a participação de pensadores e de «quem faz» (pessoas ativas) de todas as áreas do conhecimento”. “Somos uma comunidade aberta, envolvida na investigação e criatividade que, em todos os modos, está empenhada no desenvolvimento do som e instrumentos musicais. Somos: engenheiros, museólogos, construtores, historiadores, técnicos, acústicos, biólogos, músicos, conservadores, compositores, restauradores, sociólogos, organólogos... todos aqueles que se dedicam a partilhar o conhecimento e a avançar, com energia”, acrescenta na mesma introdução.

Do mesmo modo, sublinha que “apoiamos trabalhos relevantes para a comunidade e a produção criativa, demonstrações práticas e execuções artísticas, oficinas e exposições... propondo nas nossas atividades um espaço e tempo para um intercâmbio positivo e discussões interdisciplinares”. “Este congresso, tal como as outras iniciativas organizadas pela Animusic, cumpre o nosso objetivo de proporcionar uma plataforma para a partilha de conhecimento e criatividade”, conclui.

O tema geral da edição deste ano é o “Tempo” (Time). «Flores de Música», uma obra de 1620 da autoria de Manuel Rodrigues Coelho, é uma das referências que os organizadores não querem esquecer e de alguma forma este congresso serve também para a homenagear, perpetuando-a.

Embora só comece no dia 27, a anteceder o congresso tem lugar uma «Oficina de construção de marimbas em bambu» a cargo do professor Luís do Vale, aberta à participantes de todas as idades, embora os menores de idade devam ser acompanhados pelos progenitores. A atividade decorre na Quinta da Lira em S. Vicente da Beira a 25 e 26 deste mês.

O programa de concertos começa no dia seguinte, pelas 14H00, com um recital a cargo dos finalistas da Academia de Música e Dança do Fundão, na Moagem, coincidindo com a sessão de abertura do congresso.

No mesmo dia, pelas 18H00, Girenas Povilionis (Lituânia), Jean Louchet (França) e Patrícia Bastos estarão em concerto com o mote «Os sons de idos tempos» no órgão histórico da Igreja Matriz de Alpedrinha. À noite (21H00) na Capela de S. Francisco (Fundão) Peyman Kafshdooza, archlute & setar-Persian lute (Irão) dará um concerto que pretende ser um «Diálogo do Oriente e Ocidente, entre as brisas do Renascimento».

No dia 29, pelas 11H00, a anteceder a celebração eucarística, Jean Louchet (França), José Carlos Oliveira e Patrícia Bastos são os protagonistas de um concerto «Tempo para soar o órgão da Sé de Castelo Branco» precisamente nesse local, a Sé albicastrense.

Os momentos musicais são de entrada gratuita, mas dadas as contingências da pandemia em curso existem logicamente limitações de lugares nos espaços onde os mesmos decorrerão.

Giulio Salvadori, diretor geral da Animusic, referiu ao Reconquista no início de julho, quando este semanário efetuou a primeira notícia sobre este evento, que este congresso vem “dar continuidade ao trabalho de investigação que tem vindo a ser desenvolvido nas diferentes áreas englobadas pela organologia”.

Trabalho esse que, em seu entender, “engloba também o mérito de todos os artistas e cientistas que nele participam”.

Não é a primeira vez que Castelo Branco recebe este congresso, a sua nona edição também se realizou na cidade albicastrense, em 2020, apesar de todos os constrangimentos que a pandemia acarretou. Também já receberam estas iniciativas Braga, Porto, Aveiro, Caldas da Rainha, Tomar, Évora, Tavira e Belmonte.

No site oficial da iniciativa poderão ser consultadas informações mais detalhadas sobre a mesma https://congressorganimusic.wixsite.com/co2021oc/program

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