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Leitores: Desequilíbrio ecológico originado pelo homem, chuva e vento

Abílio de Jesus Chaves - 17/08/2017 - 10:09

Os incêndios que atingiram os concelhos de Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra, deixaram marcas profundas pelos danos que causaram e pelas dúvidas que levantaram.

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Os incêndios que atingiram os concelhos de Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Pampilhosa da Serra, deixaram marcas profundas pelos danos que causaram e pelas dúvidas que levantaram. A fazer fé no que se vai ouvindo, poderão vir a ser implementadas medidas susceptíveis de trazer alterações significativas aos ecossistemas existentes com consequências imprevisíveis, em especial no coberto vegetal arbustivo e no pinhal, os maus da fita, por serem considerados a matéria combustível causadora dos incêndios. Fala-se, por exemplo, na limpeza da floresta, o que eu entendo por ser a limpeza do coberto vegetal arbustivo (mato) um elemento vital, sem dúvida, a base fundamental da sustentação das terra, em especial com as suas raízes. Sem ele, a erosão seria catastrófica por acção das chuvas e do vento e, onde agora há mato e pinheiros, passaria a haver pedras e calor tórrido devido à acentuada inclinação dos terrenos. Outro factor determinante protagonizado pelo malfadado mato, advém do seu folhado seco que cai continuamente no solo, conjuntamente com o das árvores, musgos e líquenes, etc. a indispensável matéria orgânica que mantém a humidade dos terrenos e cria imensa diversidade de seres vivos, a base alimentar de muitas aves silvícolas. De igual modo, o mato, protege ainda a fauna selvagem e dá-lhe abrigo. Serve para cama de animais domésticos e estrumo para fertilizar as hortas. Outro factor também digno de nota, é a base da apicultura: com rosmaninhos, alecrins, urzes, etc. onde as abelhas vão buscar o néctar para produzirem um mel delicioso. As estevas, planta muito comum em Portugal, produzem pólen em grande quantidade que as abelhas também agradecem, para além de embelezarem os campos quando floridas e darem lenha para fornos e lareiras. O mato é ainda um distinto protector dos pinheiros, por lhes cobrir com sombra as raízes e a sua parte inferior. 
O segundo condenado, o pinheiro, tem que se reconhecer, ser a árvore mais rica deste país, como argumento fundamental, apresenta-se o facto de tudo nele ser aproveitado e não ser preciso semeá-lo mais que uma vez: a caruma para o coberto natural e cama de animais domésticos, as pinhas para acender lumes e recuperadores, a casca para coser telha e tijolos, a resina para fabrico de tintas e a madeira para mobílias, paletes e um sem número de utensílios diversos. Acresce referir, que os terrenos onde agora lhe ardeu a floresta, estão pela mesma razão desprotegidos da sua segurança fundamental, em virtude de serem bastante  inclinados,   quaisquer enxurradas não deixarão de ser devastadoras até ao rebentamento dos novos arbustos, o que sucederá após as chuvas de inverno, valha-nos ao menos isso. O mato é um elemento da natureza, está lá, e por princípio, esta não falha. Quero sublinhar por ser a realidade, o que está a mais são os incendiários. É preciso saber porque fazem isso? Por quem são mandados? E com que razões? Isso é que é preciso saber quanto antes, se é que ainda não se sabe, quais os negócios que estão por detrás de tais calamidades. Estas dúvidas são legítimas, pois há 50 anos não havia nada disto. É aí que as autoridades devem incidir a sua acção, todavia só se houve dizer que foram  presos  muitos  incendiários  e nada mais. Noutro passo, Portugal é um pais maravilhoso, muda de paisagem como quem muda de camisa e não queremos ver este país vazio de fauna selvagem, seco como um deserto e coberto de eucaliptos. Com efeito, é sem dúvida  imperativo  Nacional  protegê-lo com tudo o que contém e, a melhor maneira de o fazer, segundo a minha opinião, é obrigar as populações a terem os terrenos circundantes das suas aldeias limpos de pasto, matos e árvores num raio de 50 metros. Proibir a construção de habitações isoladas do núcleo central da povoação. Os edifícios das Associações calafetados de modo a evitar a entrada de fumos, onde as populações se recolheriam em caso de calamidades semelhantes á ocorrida nos três concelhos referidos. É fácil, é barato e eficaz. Limpar a floresta como se diz por aí, é pura perda de tempo, fica muito caro, não se consegue porque os matos e o pasto são demasiado teimosos e enquanto lá houver matéria orgânica não desarmam.    

 

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