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Pais em tempos de crises: Adolescência e sexualidade

Mário Freire - 09/03/2017 - 10:53

Tenho na minha frente dois estudos, um – Nascer e Crescer – da Revista de Pediatria do Centro Hospitalar do Porto, de 2014 e um outro da Organização Não Governamental catalã Sida Estudi, transcrito no diário digital Forum Libertas.com de 22/12/2016. Em ambos se faz uma fotografia dos adolescentes de duas comunidades diferentes, mas que, em muitos dos dados apresentados, se revelam semelhanças bastante significativas.
Assim, o estudo feito em Portugal, que integra outros comportamentos além dos da vida sexual, assenta em 141 inquéritos, com uma idade média dos inquiridos de 13,8 anos. O estudo feito em Espanha, em que foram inquiridos 450 adolescentes dos 14 e os 15 anos, centra-se apenas nos comportamentos sexuais dos adolescentes. Relativamente aos inquiridos do Porto, são sexualmente activos 14,9% dos adolescentes e a idade média de início dessa actividade situou-se aos 13,7 anos. Quanto aos inquiridos da Catalunha, indica-se que 25% são sexualmente activos e que a idade média da primeira experiência se situa aos 14 anos. 
Ambos os estudos referem que a idade da primeira relação sexual é cada vez mais precoce, situação a que se associam riscos de infecções sexualmente transmissíveis, gravidezes não desejadas e abortos em idade adolescente. Quanto ao uso do preservativo, no estudo português diz-se que 28,6% dos inquiridos sexualmente activos não o utilizaram, enquanto que no estudo espanhol apenas 13% o não teriam feito. No estudo do Porto diz-se, ainda, que se verificou uma associação significativa entre a actividade sexual adolescente e o consumo de álcool, canábis ou outras drogas.
Ambos os estudos falam na necessidade de os adolescentes terem uma adequada educação sexual, a fim de se evitarem os comportamentos de risco. Em qualquer dos casos, porém, coloca-se o preservativo como sendo a única solução para este fenómeno. Mas será que esta única solução, nestas idades, ajuda a construir as pessoas? Sem excluir tal informação, não seria mais importante para os adolescentes que a sua educação sexual não se restringisse a dar respostas à satisfação de um desejo momentâneo, com segurança, mas, antes, que ela fosse integrada numa visão global da sua personalidade, em que a abstinência na adolescência fosse valorizada? Não haveria uma maior dignificação da personalidade se tal educação insistisse na afectividade, no aprofundamento do conhecimento de si, no conhecimento mútuo das especificidades de cada sexo, na estabilidade das relações de casal, na alegria sentida quando está em vista a construção de um lar gerador de novas vidas…? Eis algumas das interrogações a que fui conduzido pelos dados fornecidos por ambos os estudos. 
freiremr98@gmail.com

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