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Pais em tempos de crises. Um Relatório europeu que inquieta

Mário Freire - 18/02/2021 - 9:50

Saiu há pouco o Relatório do Projecto Europeu de Inquérito Escolar sobre o Consumo de Álcool e outras Drogas relativo a jovens. Nele se dá conta da evolução dos comportamentos aditivos entre os adolescentes de 16 anos.
Comparando os últimos dados de 2019 com o estudo de 2015, o Relatório aponta, quanto a Portugal, um decréscimo de três pontos percentuais no consumo de tabaco tradicional, em linha com a tendência europeia.
 Em sentido contrário, assistiu-se a um ligeiro aumento no consumo de álcool, invertendo o caminho descendente que vinha a ser percorrido desde 2007. Assim, entre 2015 e 2019, a percentagem de adolescentes de 16 anos que ingeriram pelo menos uma bebida alcoólica ao longo da vida aumentou de 71% para 77%, assim como a prevalência do consumo “binge drinking”. Este consiste no “consumo episódico excessivo de álcool, numa dosagem igual ou superior a 5 bebidas padrão no homem e a 4 bebidas padrão na mulher, numa só ocasião, no espaço de duas horas.” 
Além disso, Portugal destacou-se ainda, pela negativa, pelo consumo de álcool precoce, uma vez que “a percentagem de jovens portugueses de 16 anos que iniciaram o seu consumo aos 13 anos ou menos é consideravelmente superior à média europeia”. A seguir a Espanha, Portugal é o segundo país europeu em que os jovens mais optaram, “da última vez que beberam”, por bebidas destiladas em vez de cerveja, vinho ou cidra. 
Em comparação com os restantes 35 países que participaram no inquérito em 2019, Portugal registou a quinta maior percentagem de consumidores recentes com padrões de consumo de alto risco (24%).
Perguntar-se-á, então, “por que se bebe?” Perante os dados apresentados, que papel está reservado aos pais neste campo?
A jornalista e especialista em comunicação educacional Isabela Collares diz que “se parece fácil responder por que se bebe (para acompanhar os amigos, divertir-se, relaxar…), a facilidade perde-se quando a questão se transforma em: para quê, qual é a necessidade?” De entre as razões mais escutadas pela autora é a de que eles, os jovens, dizem “sentir-se mais confiantes” ou “diminuir a timidez”.
Ora, Collares afirma que o exemplo dos pais é um factor muito importante no comportamento dos filhos. “Quando o pai ou a mãe demonstram consumos mais adequados da bebida – largando o copo e mesmo avisando os demais que pararam de beber; avisando que beberam o suficiente e pararam – servem de exemplo aos filhos.”
Talvez, com a pandemia da covid 19 e perante as restrições existentes ao consumo de bebidas alcoólicas em lugares públicos, esta tendência crescente comece a inverter-se!

freiremr98@gmail.com

 

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