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Pais em tempos de crises: Violência doméstica em tempos de pandemia

Mário Freire - 04/03/2021 - 9:36

Será que o vírus da covid 19 se tem limitado a atacar o corpo, especialmente as vias respiratórias, ou ele também gera uma maior virulência nas relações domésticas? A resposta não parece difícil, tendo em consideração os dados que vão sendo disponibilizados por várias fontes.
Já em Junho do ano passado, a APAV (Associação de Apoio à Vítima) dizia que “pedidos de ajuda por vias telefónicas e digitais aumentaram 180% face ao primeiro trimestre de 2019.” Traduzindo esta percentagem pelo número de ocorrências reportadas, durante o primeiro confinamento, a APAV registou 683 denúncias de casos de violência. De entre estes, a grande maioria das vítimas (83%) são mulheres, contra 17% de vítimas homens. Nestas percentagens estão incluídas 12,6% de violência contra crianças e 14,9% de violência contra idosos”. Segundo o psicólogo Daniel Cotrim, da APAV, “a Covid, e especialmente nos momentos em que obriga ao confinamento, é uma lua-de-mel para o agressor”, pois este, estando mais tempo e no mesmo espaço com a vítima, maior número de ocasiões tem para a provocar.
Num estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (Universidade Nova de Lisboa) sobre “Violência Doméstica em tempos de Covid-19”, cujos resultados preliminares foram divulgados no passado dia 27 de Janeiro, 15% dos respondentes dizem ter sido vítimas deste crime, descrevendo-o a esmagadora maioria das vítimas (13%) como consistindo em violência psicológica, 1% terá sido sexual e 0,9% física. Dos inquiridos que reportaram ter sido alvo de violência, mais de um terço (34%) indicaram tê-la sofrido pela primeira vez durante o período da pandemia. Ainda segundo este estudo, num total de 1062 respostas, a maioria das pessoas que disseram ser vítimas são do sexo feminino e 72% não procuraram ajuda ou não fizeram qualquer denúncia. 
Como defender-se, no imediato, deste flagelo? Tem aparecido muita informação sobre ele, num tempo tão atípico, e maneiras de lhe fazer face. 
A “denúncia”, seja pela própria vítima, seja em relação a alguém que está a ser violentada, pode ser uma dessas maneiras. Outros comportamentos são sugeridos à vítima, quando ela tem autonomia, tais como: “sair de casa” ao ir à farmácia, padaria…; “informar” os vizinhos do prédio, fisicamente ou por telefone; “enviar mensagem ou telefonar” para amigos, familiares, conhecidos, polícia…; “organizar-se”, separar chaves, documentos e roupas e deixar tudo pronto, caso preveja fugir; “fugir” em caso de agressão física, mesmo em confinamento, e procurar ajuda. 
Não há países mais ou menos desenvolvidos, no que se refere à violência doméstica. E o seu combate passa por muitas frentes: família, escola, comunicação social, confissões religiosas, segurança social, polícia, investigação criminal, tribunais… 

freiremr98@gmail.com

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