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Pais em tempos de crises: A pobreza persistente

Mário Freire - 13/05/2021 - 9:43

Foi publicado um estudo pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, no mês passado, intitulado “A Pobreza em Portugal: Trajectos e Quotidianos”.
Os 17,2% de pessoas em risco de pobreza, em 2018, correspondem a 1,7 milhões de pessoas. Esta multiplicidade de pessoas equivale, igualmente, a uma diversidade de situações que se manifesta de diferentes maneiras. “Compreender a diversidade da pobreza, conhecer as trajectórias da população pobre e perceber de forma aprofundada como vivem foi o que norteou a realização deste estudo.” 
Um dos aspectos que deve nele salientar-se é o da existência de “um processo de reprodução inter-geracional da pobreza. Estamos, pois, em presença do que podemos designar por pobreza tradicional. Estes indivíduos cresceram num contexto mais ou menos continuado de privação, o que condiciona, à partida, as suas oportunidades de vida, nomeadamente contribuindo para antecipar a saída da escola e a entrada no mercado de trabalho e, consequentemente, ingressando em empregos pouco qualificados”. 
Refere-se, depois, “o forte papel dos constrangimentos monetários (pobreza familiar) na definição precoce do destino escolar e laboral dos entrevistados, dado que o abandono precoce não permitiu o acesso a actividades laborais qualificadas.”
Acontece que nas pessoas que vivem na pobreza, as suas expectativas de melhoria das condições de vida e a realização daquilo que gostariam de ver realizado se centram na satisfação das necessidades básicas essenciais como ter saúde, habitação ou emprego. 
No estudo abordam-se, ainda, as razões que conduzem uma pessoa à pobreza. Foram identificadas, fundamentalmente, três situações, aquelas que os autores designam de 3 D, ou seja, o Desemprego, a Doença e o Divórcio, considerando este na sua acepção mais lata de separação conjugal, ainda que sem casamento. 
Das múltiplas causas que se encontram subjacentes a uma pobreza persistente é a do insucesso escolar. “O insucesso escolar, independentemente da crise, é um dos principais problemas que desafia o desenvolvimento do país, a nível macro, e a inter-geracionalidade da pobreza, a nível micro (…). Contudo, o insucesso escolar caracteriza‑se, precisamente, por ser massivo em Portugal e centrado nas categorias sociais mais baixas.”
Este estudo, pelos factos que enuncia e pelas conclusões a que chega, suscita um desafio a muitas entidades e de vários sectores. Uma família funcional parece ser a resposta a um desses desafios. Depois, se os filhos tiverem sucesso na escola, isso constitui um factor para sair da pobreza, se dela estiver mergulhada. Assim as famílias tenham a capacidade de superar obstáculos e lhes possam ser proporcionadas as condições para sair dessa condição.  

freiremr98@gmail.com

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