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Pais em tempos de crises: Masculinidade tóxica

Mário Freire - 14/02/2019 - 14:16

Dados de Julho de 2018, vindos na revista digital Slate, dizem que, das 45.000 pessoas que se suicidam por ano nos Estados Unidos, 77% são homens. No mesmo sentido vão os dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em que mais de metade das mortes violentas nos homens corresponde a suicídios.
Por outro lado, numa pesquisa levada a efeito naquele país pela ONG Promundo, que trabalha para a igualdade de oportunidades para rapazes e raparigas, numa amostragem de 1.500 jovens, concluiu-se que quase um em cada cinco tinha já considerado o suicídio para os seus problemas. E os mais sujeitos a esse tipo de pensamento eram aqueles para os quais ser homem significa mostrar-se forte, não falar sobre os seus problemas, não exprimir as suas emoções. Estudos noutros países encontraram resultados semelhantes: homens que têm ideias mais restritivas da masculinidade, têm mais probabilidades de terem pensamentos suicidas do que aqueles que não estão tão presos a uma “masculinidade forçada”.
Na sequência destas constatações, Gary Barker, investigador social e fundador da ONG atrás citada, apresentou as seguintes cinco emoções aos inquiridos: ira, alegria, afecto, tristeza e medo, perguntando-lhes quais delas tinham mais facilidade de expressar. Ora, a grande maioria das respostas foi considerar as duas primeiras emoções mais fáceis de exprimir, enquanto que as três últimas eram as mais difíceis. Afecto, tristeza ou medo? “ Certamente que não”, dizem eles: “homens de verdade não podem demonstrar isso.”
Gary Barker diz que reconhecer o sentimento de dor, seja físico ou emocional, é correr o risco de ser visto pelos outros como de pouca masculinidade. Por isso, diz ele, os filhos devem ser incentivados a exprimirem aquilo que sentem. Quando eles reprimem quem realmente são, não procurando ajuda, eles recorrem à violência para resolver os seus problemas. Não tendo sido aprendida a expressão das emoções em tempo oportuno, mas, pelo contrário, fomentando o cultivo da sua repressão, aquela violência pode culminar, talvez até, no suicídio. 

 

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