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Pais em tempos de crises. Não ou sim e quando ter filhos

Mário Freire - 21/01/2021 - 9:36

O INE (Instituto Nacional de Estatística) publicou no passado dia 3 de Dezembro os resultados de um estudo sobre a fecundidade, reportando os resultados a 2019. No estudo, logo no início, diz-se que “em 2019, 42,2% das mulheres dos 18 aos 49 anos e 53,9% dos homens dos 18 aos 54 anos não tinham filhos. Em 2013 aquelas percentagens eram bastante menores: 35,3% e 41,5%, respectivamente.”
Outro aspecto considerado no estudo foi o da variação do valor do “Índice Sintético de Fecundidade” (ISF), ou seja, o número de filhos, em média, por mulher em idade fértil. Ora, em finais dos anos 70, Portugal registava valores do ISF que lhe permitiam assegurar a substituição das gerações - 2,1 filhos por mulher - o que deixou de suceder no início da década de 80. A partir daqui, assistiu-se a um declínio acentuado da fecundidade, de tal modo que, em 2013, este índice era de 1,21. Em 2019, ele subiu ligeiramente, passando para 1,42. Apesar de nenhum país da União Europeia ter assegurada a substituição das gerações, Portugal integra o grupo de países dos 27 Estados-Membros da União Europeia com menores ISF (apenas 6 abaixo dele).
Dado interessante, em relação com os números anteriores, é o da idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho. Os valores mostrados na Pordata (base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos) são significativos: se em 1960, essa idade era de 25,0 anos, ela vai decrescendo lentamente até 1983, atingindo neste ano a idade 23,5 anos. A partir desta data, assiste-se a um aumento da idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho de uma maneira quase exponencial, de tal modo que em 2000, essa idade apresentava já o valor de 28,9 anos e em 2019 ela era de 30,5 anos. 
Perante estes números surgem as questões: como fazer face à diminuição do índice de fecundidade? Como contrariar o aumento da idade média da mãe ao nascimento do primeiro filho? As respostas passam por vários domínios, sejam os da política (incentivos à natalidade, aumento do número de infantários, condições do trabalho…), da economia, da sociologia mas, também, pelo tipo de compromisso conjugal existente entre uma determinada mulher e um determinado homem. E deste tipo de compromisso depende, de maneira significativa, a estabilidade que pode ser propícia (ou não) ao nascimento de uma criança. 

freiremr98@gmail.com

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