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Pais em tempos de crises: O nascimento do primeiro filho

Mário Freire - 09/06/2021 - 10:02

O nascimento do primeiro filho, embora seja desejado na grande maioria das vezes, pode causar um desequilíbrio no casal, uma crise. Bernard Geberowicz, médico psiquiatra francês, terapeuta familiar e estudioso deste tipo de problemas, chama-lhe mesmo o “choque do bebé”. Claro que toda aquela liberdade de viajar, de ir ao cinema, de dormir as noites descansadas…, enfim, de não se sentir tolhido, desapareceu por parte do casal. Além disso, como irá ser feita a distribuição das novas tarefas relacionadas com o bebé? Será que o pai as partilhará com a mãe?
Outras situações, entretanto, poderão, ainda, ocorrer, tais como a relação muito intensa que se gera entre mãe e filho, sentindo-se o pai como que marginalizado, alteração do comportamento sexual do casal, modificação das rotinas de cada um, mudança frequente do corpo da mulher com a gravidez, pelo menos, transitoriamente, o que pode levar a uma perda de auto-estima, um sem número de pequenos problemas que constituirão um caldo propício para desentendimentos conjugais. 
Com a chegada da criança, o relacionamento que até aí era duplo, passa agora a ser triplo. Cada elemento do casal tenta encontrar o seu novo lugar na constelação familiar. E esse lugar nem sempre é aquele que o outro membro do casal desejaria. 
A partilha das tarefas e o envolvimento dos pais permanecem desiguais. A família parece centrar-se mais na criança, ocupando quase todo o espaço familiar, do que no casamento. Depois, há a fadiga e com ela as emoções à flor da pele, a irritabilidade.
Aspecto a realçar, dado através de um inquérito feito na Alemanha com 2000 jovens pais, em que se concluiu que, após o nascimento, apenas 27% deles permaneceram no mesmo nível de felicidade ou se sentiram um pouco melhor; os 73% restantes disseram que são menos felizes.
Tornar-se pai e mãe sem deixar de ser marido e esposa é um desafio que nem sempre é fácil. Por isso, segundo o especialista atrás citado, os jovens cônjuges deveriam ter um conhecimento das modificações, a nível conjugal, que um novo elemento na família acarreta. Antecipar desilusões, esperar sem tensões que os momentos de stresse passem, são maneiras de superar uma possível depressão conjugal, a qual não ajudará o desenvolvimento da criança. 

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