Pais em tempos de crises: Os obstáculos e as oportunidades

Mário Freire - 18/05/2017 - 11:33

Lukás Kmit é um jovem violinista eslovaco, pouco conhecido para além do seu país. Ele dava um concerto o qual estava a ser gravado numa sinagoga da cidade de Presov, a leste da Eslováquia. O silêncio era absoluto, ouvindo-se apenas o violino. Eis que, a dada altura, se sente um telemóvel com um daqueles toques que simulam uma música. O violinista permanece imperturbável e, após um brevíssima pausa, “pega” no tema escutado no telemóvel e, dando-lhe um toque clássico, improvisa um curto trecho musical. Foi o suficiente para que Lukás, aproveitando aquilo que, para qualquer um, seria um obstáculo que perturbaria o clima do concerto, se tornasse num fenómeno que o levaria a ter uma projecção mundial. Pode ver-se na internet a parte do concerto em que esta situação teve lugar (https://www.youtube.com/watch?v=uub0z8wJfhU). 
Ao invés, podemos ter presente a circunstância do vento pela frente e pelas costas. Quando andamos de bicicleta, damos mais importância ao vento que nos bate na face e nos prejudica o avanço do que ao vento que nos bate nas costas, que nos faz andar mais depressa mas que nem sequer o mencionamos. É este tipo de atitudes, ao contrário daquela que Lukás tomou, que foi objecto de estudo de dois investigadores americanos, numa experiência descrita em Dezembro de 2016. Para estes, na vida de todos os dias, acontece o mesmo: damos mais importância aos obstáculos que impedem ou dificultam os nossos projectos do que às oportunidades que nos aparecem e que nos fazem avançar. Baseados em experiências, esses investigadores concluíram que agimos como se tivéssemos de lutar contra um vento contrário e os obstáculos que esse “vento” nos levanta estão mais presentes na nossa memória. Pelo contrário, parece que escondemos numa gaveta aquilo que nos poderia beneficiar, as circunstâncias que teríamos possibilidade de aproveitar. 
Um acontecimento, quando ocorre, pode, então, ser um obstáculo ou uma oportunidade, consoante a perspectiva que temos da vida, isto é, a serenidade com que o enfrentamos, a criatividade que nele colocamos e os valores que nos conduzem. E é vendo os pais transformar os obstáculos em oportunidades que os filhos aprendem a encarar a vida com mais alegria mas, também, como um desafio constante que os faz pôr à prova as suas capacidades. 

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