Pais em Tempos de Crises: Ser mãe solteira

Mário Freire - 02/09/2021 - 7:58

Ser mãe solteira é uma realidade cada vez mais presente na sociedade. Esta situação traduz-se, com muita frequência, em condições de vida difíceis, quer sob o ponto de vista material, quer sob o ponto de vista psicológico.

A monoparentalidade, contudo, tem vindo a aumentar nos últimos anos, continuando a ser vivida essencialmente por mulheres. De acordo com dados oficiais, em 2020 havia uma percentagem de 84,7% de famílias monoparentais femininas em Portugal.

Muitos estudos têm sido feitos nesta área, quer em relação às crianças vivendo num lar só com a mãe, quer em relação à própria mãe. Segundo um artigo saído na revista brasileira Psico, assinado por Angela Marin e Cesar Piccinini, relativamente à situação das mães solteiras, estas tenderiam a apresentar maiores índices de problemas físicos e psicológicos, quando comparadas com as mães casadas, o que as levaria a uma maior exposição ao stresse e, consequentemente, à depressão, factores que também poderiam influenciar na saúde e no desenvolvimento infantil.

Por outro lado, ao contrário das famílias nucleares, um lar de mãe solteira funcionaria de um modo mais consensual, existindo menores conflitos uma vez que, estando só, a mãe poderia sentir-se mais capaz de lidar com sua rotina e com os seus recursos, proporcionando-lhe um maior sentido de responsabilidade e de poder.

Outro aspecto a considerar foi a presença de uma rede de apoio social que apoiasse a mãe. A existência de outros adultos solidários com a situação da mãe solteira seria um factor que não só a favoreceria como contribuiria para o desenvolvimento global dos filhos. Autores citados no estudo verificaram que o apoio social, mais do que a configuração familiar, era um importante preditor da aceitação e do envolvimento materno com os filhos pequenos. As mães que possuíam redes de apoio mais extensas tenderiam a ser mais próximas e responsáveis em relação às crianças, proporcionando-lhes um ambiente mais estimulante.

Neste tempo de pandemia, foi elaborada legislação visando os lares monoparentais.

O texto que se segue, escrito sob anonimato, por uma mãe solteira que não desistiu de lutar, talvez possa encorajar muitas outras mulheres que estão a viver a mesma situação que ela:

“Ser mãe solteira significa tornar-se uma mulher madura, corajosa, forte, ousada, uma lutadora, capaz de fazer qualquer coisa. É claro que existem momentos sombrios, cheios de tristeza, raiva, incerteza, mas isso acontece com todos, e o tempo cura tudo. Agora que sou mãe, tenho uma enorme razão para ficar de pé; talvez sim, eu tenha que fazer um trabalho duplo, um esforço duplo, mas vale a pena pelo meu pequeno príncipe.”