Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Para memória futura: Um cesto do ano bissexto

Florentino Beirão - 05/01/2017 - 9:39

Com um novo ano a entrar, com o deus Juno (janeiro) com as duas caras, uma virada para a frente e outra para trás, será altura de recordarmos o que o vivenciámos ao longo do ano bissexto, e tentarmos perscrutar o sempre incerto e insondável futuro.
Fixemo-nos o que nos envolveu no ano que agora termina.
A nível nacional, onde a confiança derrotou a austeridade, todos recordamos que a tão badalada “geringonça”, inventada por Paulo Portas e construída pelo primeiro-ministro, amaldiçoada por tantos, mas apoiada pela mãozinha benéfica do afetuoso “selfista” Presidente da República, conseguiu surpreender positivamente o nosso mundo político e os comentadores que palreiam todos os dias, nas nossas desmotivantes televisões. Estes, as novelas e os fanáticos donos da “bola” irão continuar a tomar conta da televisão. Para este ano, num país que tarda a emendar-se, prevemos ter mais do mesmo, com uns alargados momentos para os políticos que disputarão as autárquicas e assim tentarem ganhar os votos do cidadão, já muito divorciado da política partidária. Só esperamos que a área ardida de 160 mil hectares deste ano no Continente, 14 mil em áreas protegidas, quase o triplo da média dos últimos três anos, não se repita em 2017.
No ano que agora terminou, poderemos ainda recordar o aumento da nossa autoestima com Guterres a conquistar o lugar cimeiro da ONU. No desporto, o facto de termos vencido o Campeonato Europeu da bola, e Cristiano Ronaldo e Telma Monteiro a marcarem pontos no desporto de alta competição. Juntemos ainda os resultados positivos do Pisa (OCDE), obtidos pelos nossos alunos, bem como a pobreza a descer, pela primeira vez, em quatro anos. Quanto ao desemprego, conhecendo alguma diminuição, poderá ser auspicioso para os jovens e desempregados. Não olvidemos ainda a subida exponencial do turismo no país, com a paz social a permitir um clima de serenidade e confiança. Por tudo isto, a imagem do nosso país parece encontrar-se em período de maré alta. Contudo, o peso esmagador da nossa dívida e o prejuízo dos bancos falidos ou em dificuldade, não nos vão permitir grandes melhorias sociais e financeiras. Se a economia se vai aguentando, as debilidades estruturais e os ordenados de miséria, um dos mais baixos da UE, irão manter-se, sabe Deus até quando.
Apesar de tudo, em balanço, poderemos fazer nossas as palavras do filósofo José Gil que é da opinião que “ o ano de 2016 foi um acontecimento em si mesmo. A imagem do mundo contrasta com a imagem de Portugal. Portugal é uma ilha de sensatez neste mundo caótico”.
Por detrás deste julgamento de peso, certamente que se encontra a famigerada eleição do controverso Trump para dirigir a Casa Branca, com projetos xenófobos, megalómanos, de alianças políticas muito duvidosas, com um populismo nacionalista a desafiar a galopante globalização. Junte-se ainda o “Brexit” a lançar mais achas na fogueira das incertezas para o próximo ano. Junte-se a estas incógnitas os atentados suicidas, promovidos pelo Estado Islâmico, um pouco por todo o mundo civilizado. A estas situações problemáticas cola-se ainda a desgraça interminável e destruidora de pessoas e bens, com a guerra na Síria, envolvendo povos vizinhos ou amigos políticos, a deitarem gasolina para cima da fogueira. Este clima parece evidenciar um mundo a arder em lume brando com Putin e os seus aliados, a não dormirem em serviço.
Motivos que levaram o Papa Francisco a implorar neste Natal que se calem já as destruidoras e mortíferas armas. Entretanto, os refugiados continuarão a movimentar-se por essa Europa, a procura de paz e melhoria de vida.
Face a este cenário, gostaríamos de deixar um voto: Que o Governo saiba ser sensato e pragmático, e a dorminhoca e hesitante oposição venha a terreiro, com concretas e positivas propostas. Votos de um Feliz Novo Ano.
florentinobeirao@hotmail.com

COMENTÁRIOS