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É necessário investir nas Pessoas

José António A. Massano Monteiro, Docente do Ensino Superior; Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros, Colégio de Engenharia Florestal - 23/03/2017 - 11:13

Comemorando-se a 21 de Março o Dia Internacional das Florestas e perante os infelizes e trágicos acontecimentos relacionados com os incêndios florestais, partilho aqui a minha opinião e outra visão dos factos.

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Comemorando-se a 21 de Março o Dia Internacional das Florestas e perante os infelizes e trágicos acontecimentos relacionados com os incêndios florestais, partilho aqui a minha opinião e outra visão dos factos.
Vivemos um problema que é grave. Porém o cerne do mesmo não está no facto de termos árvores e florestas.
O foco do problema e a solução está nas pessoas e nos seus comportamentos.
Uma viagem que atravessará várias gerações. Mas teremos que percorrer esse caminho.
Afirma-se que o Estado e os nossos governantes nem sempre se têm comportado como “pessoas de bem”. E nós como cidadãos ?
Enquanto habitantes e proprietários de espaços rurais temos as nossas responsabilidades. Não podemos continuar a abandonar e a descuidar a limpeza dos nossos terrenos rurais e florestais.
Falta-nos uma cultura de segurança. Saber prevenir e intervir antes que ocorram os acidentes.
Pelos agentes do Estado e do poder local continuamos a ouvir desculpas “esfarrapadas” quando naquilo que é da sua responsabilidade pouco ou nada fizeram para dar um testemunho exemplar. Dirão alguns: são apenas pessoas, também erram.
Temos os agentes da Justiça para executar as leis sem hesitação, julgando e condenando todos os incumpridores, os negligentes e os criminosos. Atos condenáveis, sem qualquer tipo de dúvida. Praticados por quem ? Por pessoas.
Os juízes averiguarão e penalizá-los-ão em conformidade. E, como pessoas, também erram.
Todos os fogos começam pequeninos e numa fase inicial mais facilmente controláveis. Daí para a frente tudo fica centrado no socorro a pessoas e salvaguarda de bens. Os incêndios lavrarão até que as forças dos homens e mulheres nas frentes de combate vençam as chamas e as condições atmosféricas ajudem.
Estes combatentes são pessoas. Merecem o nosso respeito, mesmo quando nem tudo corre bem.
A ausência de pessoas nos territórios rurais e de intervenção naquilo que é individual e num todo que é comum (natureza, ambiente) potencia a probabilidade de ocorrências, maximiza a propagação livre e descontrolada das chamas e o aparecimento de fenómenos extremos.
Fenomenologias sociais que urge corrigir, centradas nas pessoas.
Se o ataque do problema e a solução não passar pelas pessoas, continuaremos todos os anos a assistir com total impotência a tantos e tamanhos cenários de tragédia e de terror.
Uma floresta arde sempre. E continuará a arder. Mas é possível arder menos vezes e em muito menor área.
Podemos cometer erros ou ser enganados durante algum tempo. Mas não é possível fazê-lo durante muito mais tempo e para todo o sempre.
Portugal sem investir nas Pessoas não será um Portugal sem Fogos. Teremos que saber fazer esse investimento e não olhar a despesas.

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