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Leitores: Porque se assiste a uma corrida ao espaço por privados?

Antero Carvalho - 21/04/2022 - 9:17

Muito se tem escrito sobre a corrida a que ultimamente se tem assistido por parte de algumas das maiores fortunas, investindo milhões em programas de desenvolvimento espacial.

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Muito se tem escrito sobre a corrida a que ultimamente se tem assistido por parte de algumas das maiores fortunas, investindo milhões em programas de desenvolvimento espacial. Sem se perceber o motivo, atiram-se várias possibilidades, algumas assertivas em parte, outras nem por isso. 
Mas o que leva, coincidentemente os maiores visionários do mundo, a decidir investir em programas privados nesta área?
Bom, será unânime que são visionários, pois os resultados da sua capacidade de antecipar o futuro, estão refletidos de forma bem clara nos seus negócios. Também fica claro que as suas visões, tendem a se concentrar em otimização de resultados no que se pode entender como acumulação de riqueza, nada a criticar, pois essa, é efetuada segundo as regras de mercado. No entanto, é claro que são duas características que seguem juntas em todos eles.
Uma extraordinária capacidade de antecipar o futuro e simplesmente, alinhá-la numa perspectiva empresarial, não tendo em conta os efeitos colaterais que esse futuro, que eles agora ajudam a impulsionar e catalisam, possa provocar para todos os outros e para um mundo que deveríamos todos querer mais justo, onde os dramas de pobreza, fome, discriminação, desigualdade e consequente revolta, guerras e destruição a que a natureza humana nos tem levado a viver desde que existimos, está agora mais do que nunca, a sua continuidade, a ser garantida.
Assistiremos em breve a um mundo apocalíptico, digno de um cenário de livro e filme da melhor ficção científica, onde num futuro não muito longínquo, o planeta, moribundo, resultado dos cenários de agressões que lhe estamos a imputar há séculos, se tornará estéril para a vida como a entendemos.
Nesse cenário, haverá mais do que nunca, uma casta humana que viverá uma vida de conforto em colónias artificiais em órbita do planeta, a partir do qual se continuarão a retirar os poucos recursos que existem nele, para abastecer essas colónias de bem-estar, acelerando ainda mais a extinção dos seus já frágeis ecossistemas. 
Nesse futuro próximo, para se poder respirar, consumir alimentos básicos, água e ter direito a viver protegido de doenças, com tudo o que até hoje, a maioria de todos nós temos garantido à nascença, fornecido de forma gratuita pela natureza e pelo planeta que habitamos, só será possível ter se tivermos nascido ricos e isso será para apenas alguns, muito poucos certamente.  O próprio ar que respiramos hoje, nesse breve futuro que nos espera, já não será gratuito se de qualidade.
Todos os restantes viverão sem qualquer possibilidade de distinção, desde que não tenham recursos para aceder a uma dessas colónias, existirão em condições desumanas e tentarão num cenário apocalíptico, sobreviver, num planeta em que as condições de vida se degradarão dia após dia. Se julga que estamos a falar num futuro inimaginável acontecer, ou daqui a séculos, engana-se. Por isso esta corrida desenfreada ao espaço destes visionários, pois eles esperam ainda viver esse cenário de mudança e certamente está mais próxima do que pensa.
Mas estes visionários são culpados desse mundo que todos estamos a criar quanto ouvimos os avisos de que estamos a matar o planeta com o que estamos a fazer, resultado dos comportamentos desajustados que já são visíveis nos eventos provocados pelas alterações climáticas?
Certamente que são culpados, mas só moralmente, pois eles apenas fazem o que sempre fizeram e para o qual são reconhecidos e aplaudidos como mentes brilhantes, porque conseguem prever o desastre que se aproxima e usam essa visão em proveito próprio, garantindo a continuidade da sua casta.
Quando os cientistas alertam para as alterações climáticas e para os efeitos que elas irão provocar, não conseguem ver o cenário na sua totalidade, resultado do seu foco científico, apenas conseguem imaginar as consequências geográficas, geológicas, as dinâmicas demográficas e de mercado daí resultantes. No entanto, há um conjunto de outros efeitos imprevisíveis que catalisam e potencializam variáveis que esses visionários conseguem ver que se relacionam com efeitos complexos e dinâmicas da interação humana sobre o problema.
Estes movimentos que geram efeitos aparentemente imprevisíveis para o senso comum e até para a ciência, são possíveis de prever também, sendo a capacidade de saber como prevê-los que distingue os visionários e dentro destes há dois tipos; os que usam essa capacidade de prever e se posicionam para estar em condições vantajosas quanto aos seus proveitos próprios e os que sabendo dos efeitos desses cenários, lutam para levar a que não ocorram, redireccionando-os.
Sim há sempre, outros tantos visionários, mentes tão ou mais brilhantes do que esses visionários que nos bastidores e de forma anónima, abnegada e holística, trabalham para contrariar as dinâmicas que a ignorância humana cria contra si própria enquanto raça. 

Gestor e Consultor 

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