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Leitores: A derradeira arma de extinção em massa

Antero Carvalho - 12/05/2022 - 9:54

Estamos em contagem decrescente. Enfrentamos um cataclismo sem precedentes provocado, não apenas, pelo crescimento mundial da população, mas também pela forma como a humanidade vive e consome recursos.

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Estamos em contagem decrescente.
Enfrentamos um cataclismo sem precedentes provocado, não apenas, pelo crescimento mundial da população, mas também pela forma como a humanidade vive e consome recursos.
À quantidade de dióxido de carbono que podemos colocar na atmosfera antes de existir um grande risco de efeitos irreversíveis no clima, é chamada de orçamento de carbono. 
Para que o aquecimento da terra permaneça abaixo dos 1,5 graus, o orçamento de carbono é de cerca de 2.600 mil milhões de toneladas. Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), desde 1870, já colocamos 2.200 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono e equivalentes (CO2eq) na atmosfera. Isto significa que já utilizamos 85% do orçamento de carbono disponível e só nos restam 400 mil milhões de toneladas.
400 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono parecem uma quantidade enorme, mas neste momento, em todo o mundo, são colocadas mais de 40 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera todos os anos e com tendência a aumentar.
Os avisos tem sido muitos por parte de toda a comunidade científica que acompanha o problema climático. O IPCC, vem alertando para o iminente desastre global que enfrentaremos, se em menos de 10 anos, não conseguirmos inverter o processo.  
Tudo começará pela maior frequência e intensidade de secas severas, inundações de dimensões inimagináveis, incêndios devastadores. Veremos com maior intensidade a fome, guerras devido a escassez, a pobreza tornar-se-á um fenómeno em crescimento rápido.  O degelo não só provocará uma aceleração das emissões de gazes com efeito de estufa (GEE) para a atmosfera, uma vez que serão libertados todos os gazes que ficaram aí depositados por séculos, como haverá o surgimento de novas doenças, para as quais a humanidade não está preparada, causadas pela libertação de bactérias, vírus e outros microorganismos que estavam crio-depositados há séculos ou até mesmo milénios.
Será um mundo que muitos ainda verão. Um cenário apocalíptico que hoje quando olhamos e vemos uma certa estabilidade que os ecossistemas do planeta ainda conseguem apresentar, torna-se difícil, ao senso comum, acreditar que em breve, muito breve, esta será uma excepção à regra e veremos progressivamente e com cada vez maior frequência os seus efeitos devastadores.
Precisamos agir agora. Os efeitos, se atingido o ponto de não retorno, serão exponenciais e devastadores. Não haverá como inverter o processo de cura do sistema que gere a vida no planeta e que chamamos de forma simples: Clima. 
O enorme problema é que quando os efeitos forem permanentes, e aí todos percebermos que o que enfrentamos é a extinção, já não haverá como travar o processo. Não haverá como salvar a vida no planeta. A viagem que iniciamos com os padrões de consumo desenfreado, terá chegado, em menos de 3 séculos, ao fim. A humanidade recolherá o seu troféu enquanto espécie, mas o prémio será a distribuir por todos os seres vivos: A extinção das espécies com o fim das condições de vida como a conhecemos no Planeta Terra.  
Precisamos agir agora. Amanhã será tarde demais.

Gestor e consultor

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Com a estupidez do homem que até parece inteligente, não temos salvação possível.
JMarques
à muito tempo atrás
Pensamento estruturado e esclarecido, mas que os responsáveis teimam em não querer ver.