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Leitores: Quanto tempo têm as crianças para brincar? Menos tempo, mais Escola

Bruno Trindade - 06/10/2022 - 9:57

Novos conceitos educativos, menos tempo mais Escola. “Muito” se tem abordado das vantagens e desvantagens sobre a Escola a tempo inteiro.

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Novos conceitos educativos, menos tempo mais Escola. “Muito” se tem abordado das vantagens e desvantagens sobre a Escola a tempo inteiro.
Existe uma “margem” de permanência de tempo muito grande dos alunos no espaço escolar, originando desmotivação, mostram sinais de ”tédio” e desinteresse pelos temas de estudo, promovendo  ainda mais o “enfartamento” do conhecimento nas crianças que consequentemente se sentem menos motivadas para as aprendizagens e para o conhecimento..
Noutros países a componente letiva, é distribuída entre as 08:00h e as 14:00h, sendo que após este horário são realizadas atividades extra escola, permitindo o desenvolvimento de diversas atividades dando tempo e espaço à família para socializarem.
Em contrapartida, em Portugal, existe o culto das horas, mais tempo das 08:00h até 18:30h, onde se aplica as CAF; AAAF; e as AEC`S, onde as crianças desenvolvem atividades, aventurando-se o “aluno” a permanecer cerca de 8 horas por dia no espaço escolar, podendo chegar a 10 horas.
Quando falamos cada vez mais na promoção da saúde mental nos jovens, que “caminhos” queremos dar?
Será que mais tempo na escola é sinonimo de mais motivação, mais aprendizagens...?
Todos os estudos apontam para o equilíbrio entre o tempo no espaço escolar e o tempo passado em família.
Existem já outros modelos de intervenção, que permitem uma maior diversidade e maior motivação dos alunos para as aprendizagens.
Um dos modelos com componente letiva entre as 09:00h e as 15:30h; defende que uma “antecipação” nos horários das atividades que os alunos frequentam, muitas vezes até tarde não dando espaço á família, onde essas atividades extra escolares,  ocorrem depois das 18:00h até as 21:30h, constitui uma forma de ajudar na interação familiar, quem sai muito cedo de casa poder chegar mais cedo a sua casa, consolidando desta forma metodologias de estudo e promovendo uma maior competência nas mais diversas áreas promovendo desta forma um maior desenvolvimento educativo social e desportivo.
Esta metodologia permite uma melhoria na organização diária, com mais qualidade de interação familiar e de socialização. Este modelo educativo vai permitir uma “relação” de envolvimento “instituições”, associações locais de âmbito desportivo e cultural com vista a promoção das respetivas atividades para fomentar o desporto, teatro e lazer.
A promoção destas atividades e competências vai permitir aos alunos uma oferta de atividades, mais diversificada e complementar, noutros espaço a partir das 15.30h, garantindo uma maior perspetiva e uma maior experiência, conferindo assim um espaço no seu horário dedicado ao lazer e ao seu bem-estar físico e mental.
Penso ser fundamental a criação de espaços,” tempo” para que as atividades extra escolas possam ser desenvolvidas mais cedo,  e criar “atelieres”,  atividades fora do espaço escolar, que visam a promoção de mais visitas de estudo, mais cultura físico motora, social e saudável no seu concelho, aproximando os alunos das suas raízes e da sua cultura.
Desta forma lanço o desafio: “Consultem quem investiga, quem pode ajudar a melhorar os modelos educativos e suas metodologias”.
A este desafio acresce o uso das tecnologias nas crianças dos 2 anos até aos 10 anos, cujos efeitos são tremendos ao nível do desenvolvimento linguístico e lúdico. Inclusivamente, existem evidências científicas que 79,5% das crianças usam tecnologia enquanto brincam e que apresentam 6.8% de dificuldades a nível linguístico.
Defendo que é urgente (re)pensar esta problemática, criando um ano 0 (zero) na transição do jardim de infância e o 1º Ciclo, onde exista interação de manhã 1º ciclo no período da tarde até as 15.30h atividades de Jardim de Infância, de modo a promover uma maior consolidação da leitura, regras e processo de envolvimento e crescimento no seu processo de ensino.
Acredito que esta metodologia irá permitir uma maior interação e adaptação ao 1º ciclo de forma a permitir um maior sucesso educativo, sendo também necessário dar tempo as crianças de serem crianças….
Quanto tempo têm as crianças para o ócio? E para brincar? O tempo para o Brincar é sem dúvida diminuto. A Brincoterapia está em extinção!
Confiemos no instinto infantil e deixemos as crianças serem “donas” do seu tempo. Não fazer nada durante um período não é desperdício de tempo, pode até ser um investimento. 
Dar tempo às crianças para não fazerem nada, promovendo o ócio, é deixá-las livres para brincar ao que quiserem, ajudá-las a descobrir os seus limites e as suas competências. Criando as suas brincadeiras, dão asas à imaginação e ganham liberdade…e o tempo sem fazer nada é onde tudo acontece.
A resposta parece demais evidente, é claro que sim! Contudo, os momentos de lazer sem compromissos, os tempos livres dedicados ao ócio, quando as crianças e os adultos podem estar com a mente livre, são cada vez menos.
Segundo Olivier, “Como não gostamos de perder tempo, temos dificuldades em perceber que os nossos filhos precisam de muita maior liberdade. Para nós, o importante são os estudos, o sucesso escolar, as suas possibilidades de virem mais tarde a exercer uma profissão bem remunerada. Sendo assim, como é que podemos admitir que eles têm direito aos tais lazeres de que falam todos os especialistas infantis?” (1976, p.10)
Se não queremos ter uma sociedade de “loucos” no futuro, temos de começar a fazer algo no presente...
Apela-se a “todos”, preocupadas com as crianças que se mobilizem para que as entidades oficiais tomem as medidas que resolvam os verdadeiros problemas.
Todos têm direito ao Lazer associado ao Ócio, crianças e adultos. Os tempos de ócio constituem uma ferramenta essencial para “ensinar” o que é a liberdade, descobrir os limites, fomentar a responsabilidade e desenvolver competências técnicas mas também socioemocionais que lhes vão permitir resolver problemas e tomar decisões, preparando as crianças para o futuro.
O Lazer é de extrema importância, ajuda à sociabilidade, à tolerância, estimula a componente emocional, torna as pessoas mais felizes e alegres. Fazendo o que se gosta, ganha-se tempo para ser feliz.
Pais sem tempo, sem horário, sem forma de dizer não!
Pais, brinquem com os vossos filhos. A participação dos pais nas brincadeiras dos filhos, quando eles pedem é benévolo e saudável, mas siga as regras das crianças, não as do adulto.
 
Bruno Trindade
btrindade30@hotmail.com

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