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Retratos: Computadores

JC - 04/03/2021 - 9:40

Jeremias, presidente da Brigada do Reumático, continua resiliente ao confinamento que teima em não acabar. - “É para o bem de todos e se todos o respeitarmos qualquer dia podemos sair, dar um passeio no centro do Burgo, ver as obras, criticar e aplaudir, beber um café com os amigos etc”, referia na conversa semanal via internet com os seus companheiros e camaradas de Brigada.
- “Isto custa. Mas, pior está quem labora em teletrabalho e tem os filhos na escola dada por computador. Esses sim, é que têm que ser resilientes. E ainda por cima, a maioria das famílias de classe média têm um computador por agregado familiar, acontece que, muitas vezes os pais precisam dele para o teletrabalho e os filhos têm aulas síncronas ao mesmo tempo. Valem-lhe os telemóveis!”, explicava Evaristo, presidente do Conselho Fiscal da BR. 
- “Então mas a escola não empresta os computadores?”, perguntou Godofredo, secretário geral da BR, intrigado com a situação.
- “Não! Só os dos escalões sociais têm direito. E às vezes até levam dois computadores por casa, um por cada filho! No outro dia até o Nélinho, que passou um período inteiro sem ir à escola, foi levantar o seu portátil. É um direito que se lhe assiste, mas depressa fez saber que não poderia assistir às aulas online porque lhe faltava a internet”, reforçou Evaristo.
- “Temos que ser solidários!”, retorquiu Jeremias, para quem essa solidariedade deve abranger todas as famílias. - “Não é justo que quem não tem ação social não possa beneficiar do empréstimo dos computadores. Poucas são as famílias da classe média que têm mais que um equipamento desses em casa e há muitas que não têm nenhum, nem dinheiro para o comprar. Mas, como não estão nos tais escalões de solidariedade de régua e esquadro, ficam fora desse apoio e os seus filhos são prejudicados”, acrescentou.
- “Pois, é por essas e por outras que a política assiste a fenómenos que os politólogos dizem ser estranhos. Mas, só são estranhos para quem não passa por dificuldades e por injustiças”, disse Godofredo.
- “E a pandemia ainda acentuou essa falta de justiça e de solidariedade, em que vale mais parecer bem do que fazer o que está correto… é a vida…”, concluiu Jeremias.
JC

 

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