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Retratos: Conterrâneos

JC - 06/04/2017 - 10:53


Jeremias, presidente da Brigada do Reumático, já tinha ouvido a história contada na apresentação do livro do Orfeão do Burgo, há alguns anos atrás, pelo editor da obra. Mas como a cerimónia de cumprimentos às entidades oficiais, civis e militares já ia na segunda página do discurso, veio-lhe à memória a dita história de um antigo governante de terras de Vera Cruz.
-”O homem tinha por hábito dispensar os Exmos. senhores presidentes disto e daquilo, coordenadores, etc. Em vez disso, sempre que ia a uma escola cumprimentava todos dizendo estimados professores, estimados alunos; quando ia a um hospital, dizia caros médicos, enfermeiros e utentes; quando ia a um tribunal, afirmava estimados juízes, advogados, funcionários e arguidos, etc. Um certo dia teve que ir a funeral de Estado e, igual a si próprio, nas palavras circunstância, em pleno cemitério, disse caros conterrâneos e subterrâneos”, contou Jeremias.
No Café Beiral o comentário do presidente da BR fez sorrisos e criou boa disposição. -”E assim não se esqueceu de ninguém”, adiantou Godofredo, secretário geral da Brigada, para quem o início dos discursos, embora sendo de protocolo, às vezes demoraram mais tempo que o que realmente os diversos responsáveis querem dizer”.
-”É bem verdade”, disse Evaristo, adepto das quatro rodas. -”Numa cerimónia de entrega de prémios de um rali, e também já lá vão muitos anos, o diretor da mesma subiu ao palanque e após ter estado quatro minutos a enumerar as entidades presentes, disse: apenas duas palavras, obrigado”, acrescentou Evaristo.
-”É tudo uma questão de protocolo”, explicou Godofredo, para acrescentar: “é como os votos de louvor às direções das associações nas assembleias das mesmas”.
-”Por falar em protocolo, manda o nosso, que cada um pague a sua rodada. Venha então daí a abaladiça, para que o almoço escorregue melhor”, concluiu Jeremias, cumprimentando todos os presentes e os ausentes...

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