Retratos: Sica

JC - 15/02/2024 - 9:52

No Burgo comenta-se à boca grande que os dois principais partidos não tiveram a capacidade de escolher cabeças de lista, nascidos ou residentes no Condado, às eleições da Nação Lusitana. –“O Roseiral até trouxe para seu número dois uma candidata de longe, de tão longe que no Burgo ninguém a conhece. E mais, por pouco deixava de fora a atual delegada no hemiciclo da Kapital, como aconteceu com o secretário das Árvores e dos Pomares, o que ninguém compreendeu”, começou por referir Jeremias, presidente da Brigada do Reumático.
- “O Laranjal também escolheu como primeiro elemento da sua equipa alguém que não é do Burgo”, adiantou Godofredo, secretário-geral da BR.
- “Já há muito tempo que alertámos para a perca de poder político do Burgo face a outras latitudes. E as listas são o sinónimo disso mesmo”, acrescentou Evaristo, presidente do Conselho Fiscal da Brigada, que ainda tinha a esperança de ver um ou uma burguense como cabeça de fila no Roseiral e no Laranjal. 
- “Ninguém fala com ninguém, é esse o problema. O nome aprovado para liderar a candidatura rosa acabou por ficar na Villa Académica. E no Laranjal a escolha veio de cima. Mas no que às outras forças diz respeito, refira-se que os primeiros elementos do Basta e dos Lôquistas são do Burgo”, esclareceu Jeremias.
Os responsáveis pela Brigada do Reumático discutiam a política caseira no tradicional café da manhã das segundas-feiras. -“Por falar em política, parece que o Senfica aconselhou a polícia a meter baixa médica e não ir ao jogo do Importing”, disse Godofredo.
- “Pois foi, alertou as forças de segurança e os agricultores!”, ironizou Evaristo.
-“Resta saber quem irá dizer à guarda para meter baixa nas eleições. Será o Roseiral? O Laranjal? O Basta? Os Lôquistas? Os Liberalistas? ou os vermelhistas?”, questionou Jeremias, ciente da “grande crise democrática que a Nação parece querer atravessar fruto da falta de conhecimento histórico e daquilo a que chamo de Síndrome da Cabeça Alheia (SICA)”.
- “E o que é isso?”, perguntou Godofredo.
- “O SICA é diagnosticado quando alguém não pensa pela sua própria cabeça, mas sim pela dos outros. É uma patologia cada vez mais frequente, numa sociedade em que todos ralham, com ou sem razão, e sem conseguirem justificar tais atos. O SICA quando tratado no seu início é curável, mas quando passa a estágios superiores enrijece o pensamento e embrutece o ser humano”, explicou Jeremias.
- “Isso justifica muita coisa, mas também exige rastreios e tratamentos, não vá o SICA virar epidemia...”, concluiu Evaristo.
JC