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Seminário de Alcains: 90 anos de histórias e memórias em livro

Reconquista - 21/05/2021 - 13:35

A história do Seminário de Alcains está agora compilada em livro numa obra escrita por Florentino Beirão.

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O Seminário de Alcains, 92 anos depois da sua construção, continua a ser um dos equipamentos de referência naquela vila e na Diocese de Portalegre e Castelo Branco. O edifício, imponente, teve um papel importante na formação de centenas e centenas de jovens, e chegou a servir como instrumento para a restauração da antiga Diocese de Castelo Branco (1771-1881).
Florentino Beirão, historiador, investigador e colaborador do Reconquista, destaca o papel do Seminário de Alcains na região no seu livro “Seminário de Alcains - Histórias e memórias”, que tem o prefácio do Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, D. Antonino Dias. Com a chancela da RVJ Editores, o livro, editado com o alto patrocínio da Associação dos Antigos Alunos dos seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco (que assim quis realçar a importância da data), explica o papel daquela estrutura na região.
O Seminário de Alcains abriu portas a 13 de outubro de 1929. Florentino Beirão diz que obra deveria ter sido publicada nos 90 anos, para assinalar a data. Mas a pandemia fez com que só agora fosse possível. O investigador, antigo aluno da instituição, destaca a importância que o equipamento teve e tem na região.
“Em boa hora, o casal Pereira Monteiro, sem filhos, o mandou construir e o ofereceu ao Bispo D. Domingos de Frutuoso, então bispo da diocese de Portalegre, para seminário diocesano. Tratou-se de um generoso gesto, único no nosso país em que um casal decidiu oferecer, gratuitamente a uma diocese, um edifício feito de raiz, para servir de seminário. Um ato feito numa altura em que a diocese de Portalegre carecia de um seminário, para responder ao elevado número de candidatos, geralmente de famílias muito pobres, que o procuravam para continuarem os seus estudos, chegando a dar resposta a 120 jovens, nas décadas seguintes à sua abertura”, revela o investigador.
Florentino Beirão sublinha o papel que o Seminário de Alcains teve ao longo dos tempos. “Neste trabalho podemos concluir da sua importância para toda esta zona do interior do país, onde o ensino, após a 4ª classe, se encontrava confinado aos filhos das famílias mais abastadas desta esquecida zona do interior. Sobretudo, da zona da raia e do pinhal, onde as famílias eram pobres e numerosas”, começa por revelar.
Antonino Dias, Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, refere, no prefácio, que “celebrar 90 anos de vida, pode levar-nos, também, a tornar presente como os ventos da mudança e das grandes transformações sociais, culturais, tecnológicas, políticas e ideológicas foram soprando, exercendo a sua influência, de forma lenta ou mais apressada, com avanços e resistências, com esperança para uns, com muita apreensão para outros. Mas nada que fosse capaz de destruir a vontade de mudar o mundo que sempre salta na guelra da juventude, verdadeiros espiões do futuro. Jamais os alunos do Seminário poderiam ficar imunes a toda essa vaga de progresso e de mudança que foi acontecendo. Tempos bonitos em que tudo foi mudando com a mudança, mas sem que se perdesse a sua razão de ser e objetivos, pois é o Espírito que comanda a História!”.
A obra está dividida “duas partes complementares. Uma primeira, referente à História dos seminários diocesanos, com destaque para a do Seminário de S. José de Alcains. Uma Outra parte, o registo das memórias e vivências de alguns antigos alunos do seminário de Alcains, enquanto alunos deste seminário”, esclarece.

DIOCESE Mas a sua construção, conjunturalmente, “esteve relacionada com a circunstância de, nesta altura, se discutir nos jornais da cidade e entre as forças vivas albicastrenses, a questão da restauração da antiga diocese de Castelo Branco (1771-1881). Nesta altura, chegou mesmo a existir uma Comissão Pró-diocese, para promover esta almejada restauração, na cidade e no Vaticano”, lembra Florentino Beirão.
“Pereira Monteiro, com amigos de peso na cidade albicastrense, sobretudo a família Garrett, juntou-se a este movimento, sintonizando-se com tal aspiração. Este benemérito, sempre pensou que o seminário que pensava oferecer à diocese de Portalegre, poderia um dia vir a ser o seminário da futura diocese de Castelo Branco. Tal não viria a acontecer, por diversas razões”, adianta o investigador.
Neste trabalho de investigação Florentino Beirão teve um estimulo extra que resulta o facto de ali ter sido aluno. “A motivação para me entregar, com algum entusiasmo, à procura das origens e da vida e obra do seminário de Alcains, teve muito a ver com o facto de também eu ter sido aluno, durante quatro anos da minha juventude, nesta instituição, coincidente com a altura em que o edifício foi remodelado e ampliado, tornando-o mais moderno. Aqui vivi uma vida com alguma austeridade de internato, preparando-me para enfrentar o futuro. Nele criei hábitos de disciplina, autocontrolo e sólidos conhecimentos académicos”, justifica.
O livro deverá ser apresentado quando as condições da pandemia assim o permitirem, pelo que para já as reservas podem ser feitas junto do autor, através dos contactos florentinobeirao@hotmail.com ou 964 819 423.

COMENTÁRIOS

Luís Miguel Preto Batista
à muito tempo atrás
Parabéns ao autor, Dr. Florentino Beirão, ilustre historiador Alcainense!
Mais uma excelente obra sua que dá a conhecer e dignifica Alcains na região da Beira Baixa e em todo o País!
Luís Miguel Preto Batista