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Sertã: Gastronomia “é uma força de atração para o concelho”

Reconquista - 14/07/2022 - 14:38

VÍDEO Presidente do município diz que o reconhecimento europeu do maranho reforça o concelho como destino gastronómico durante todo o ano.

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Carlos Miranda assumiu a presidência após as eleições do ano passado. Foto Reconquista

O maranho volta a ser celebrado na Sertã entre os dias 14 e 17 e o regresso do festival de gastronomia à localidade vem este ano acompanhado da inscrição na lista de produtos com Indicação Geográfica Protegida (IGP), anunciada em junho pela Comissão Europeia. O presidente da Câmara Municipal da Sertã espera que o certificado possa ser entregue no decorrer do festival, que não se realizou nos últimos dois anos devido à situação pandémica. O socialista Carlos Miranda, que está há poucos meses à frente da Câmara Municipal da Sertã, assume que a classificação do maranho é o culminar de um trabalho longo da câmara municipal e da associação de produtores mas também dos restaurantes, que nunca desistiram desta iguaria.

“Os restaurantes mantiveram o maranho nas suas ementas e se isso não tivesse acontecido nem sequer se poria a questão desta classificação”, disse numa entrevista ao Reconquista. O selo da União Europeia reconhece “que este é um produto com autenticidade e marcante da nossa região”. O município quer continuar o trabalho com as empresas e com os restaurantes para promover este produto e passar a mensagem que ele está na mesa durante todo o ano e não apenas nos três dias em que decorre o festival, fazendo da Sertã um destino gastronómico para todo o ano.

“A gastronomia na Sertã é muito importante em termos de turismo e uma força de atração para o concelho. Mas o maranho não é o único produto gastronómico com interesse na Sertã”, enumerando outros exemplos como o bucho, o cabrito, o peixe do rio ou a doçaria, que tem nos cartuchos de amêndoa de Cernache do Bonjardim o seu expoente máximo. “Há pessoas que vêm à Sertã de propósito para comer e o maranho é a nossa bandeira como gastronomia”.

Questionado sobre se a reativação da Confraria do Maranho ganha agora um novo sentido com a inscrição na lista de produtos IGP, Carlos Miranda responde que a confraria “é uma entidade autónoma e não tem a ver com a câmara municipal, mas se eventualmente pudesse voltar seria interessante”.

CIDADE No quarto maior concelho do distrito de Castelo Branco em população é público o desejo de elevação da vila da Sertã a cidade. José Farinha Nunes, o antecessor na presidência, deixou-o claro há dois anos no discurso com que se assinalou o feriado municipal. Carlos Miranda concorda com o fim mas é da opinião que o caminho deve ser feito com ponderação.

“Manifestei reservas essencialmente quanto ao timing em que o assunto foi lançado para o debate. Há muitos anos que falo sobre o assunto, provavelmente a primeira vez numa intervenção que fiz na assembleia municipal em 2005”. O presidente diz por isso que este é um assunto “que tem que ser discutido calmamente, no sentido de tentarmos avaliar se existem ou não vantagens nessa elevação. Disse e mantenho que do ponto de vista prático, das pessoas, do dia-a-dia, não vai resolver problema nenhum. Agora, pode ser interessante para a Sertã do ponto de vista simbólico, reforçando a centralidade que a Sertã tem”. Mas tem a noção que há muitas vilas com condições para serem cidade que não o querem e também que algumas localidades mais pequenas que a Sertã foram elevadas a cidade “e não ganharam grande coisa com isso”.

 

 

IC31 também interessa à Sertã

Apesar dos 80 quilómetros que separam a vila da Sertã do mais que provável nó da A23 com o IC31, a Câmara Municipal da Sertã é parte interessada no desenvolvimento da estrada que vai ligar a autoestrada da Beira Interior à fronteira junto a Termas de Monfortinho.

“Quando vou a Madrid de carro já vou por Monfortinho, apesar de o traçado a partir de Castelo Branco ser aquele que nós conhecemos. Não tenho dúvidas que a partir do momento em que esteja concluído vamos ter aqui uma via de muito rápido acesso e todos nós podemos ganhar. Por isso não vejo o IC31 apenas como um problema de Castelo Branco e Idanha”, disse ao Reconquista.

Mais perto da Sertã as preocupações começam na estrada nacional 238, a principal ligação rodoviária entre os municípios da Sertã, Ferreira do Zêzere e Tomar. Em 2014 a via esteve encerrada durante vários meses entre Ferreira do Zêzere e Cernache do Bonjardim devido ao desabamento de terras.

“Aquilo que nós pretendemos é que haja uma requalificação e que se modernize aquele trajeto que tem características que hoje em dia não são habituais nas nossas estradas. E isso implica algum investimento”, afirmou Carlos Miranda. Esta “não é apenas uma necessidade da Sertã, ela é estratégica para toda a região, porque faz a ligação desta região centro que é atravessada pelo IC8 e depois a Lisboa e ao litoral através de Tomar”. A câmara quer por isso manter o tema na ordem do dia “para que os nossos governantes tenham este assunto na agenda”.

Outra preocupação é o IC8 “que quando estiver preparado o IC31, que vai ligar Castelo Branco a Espanha, vai ser ainda mais procurado”, antevê o autarca. Um dos problemas “é não ter sido acabado, porque temos um troço entre Ansião e Pombal que nunca foi terminado”. Carlos Miranda espera ainda que sejam melhoradas as condições de segurança entre Avelar e Proença-a-Nova, em especial nos nós de acesso “que são extremamente perigosos”.

 

Comunidades: Concelho sente-se bem no Médio Tejo

Se o presidente da Câmara Municipal da Covilhã iniciou o mandato abrindo a porta à vontade de integração na Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, na Sertã este “é um não assunto”. Carlos Miranda afirmou que há trabalho em curso e a comunidade “tem um excelente grupo de trabalho e eu sinto-me bem na Médio Tejo”. No entanto, caso avance a reconfiguração dos núcleos territoriais, as chamadas NUT, “será uma oportunidade para discutirmos a posição da Sertã e clarificarmos a posição da Sertã”. Carlos Miranda lamenta que no passado não tenha sido possível criar uma comunidade que unisse os municípios do pinhal “que têm características comuns, um destino comum e deviam ter um projeto comum”. A Sertã faz parte do Médio Tejo juntamente com Vila de Rei.

 

PRR tarda em chegar

Carlos Miranda é o segundo presidente socialista da Câmara Municipal da Sertã, que desde 1976 só tinha sido governada pelo PS na primeira década do século. O sucessor do social-democrata José Farinha Nunes, que esteve 12 anos no lugar, promete que não vai deixar cair aquilo que de positivo foi feito pelo PSD, como o trabalho que levou à classificação do Maranho da Sertã. Mas alguns projetos que herdou foram reprogramados e lançaram-se novos concursos.

“Estou otimista e sinto que há coisas a avançar. Mas estamos num período de transição de poder não só na Câmara da Sertã mas também a nível nacional. Sentimos que as coisas não estão ainda a avançar ao ritmo de que gostaríamos” referindo-se à aplicação dos fundos comunitários, em especial do Programa de Recuperação e Resiliência, do qual “ouvimos falar mas até agora muito pouco chegou aos municípios”. O autarca aguarda ainda pelo avanço do Portugal 2030 e os avisos que devem chegar no final do ano, estando a preparar as candidaturas para o efeito.

 

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