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Vida digna para todos: Que ninguém fique para trás

- 14/07/2022 - 10:34

“A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia duma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz”

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“A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia duma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz” (mensagem do Papa Francisco para o VI Dia Mundial dos Pobres)
Os últimos anos têm-se apresentado como um desafio constante a um bem-estar e segurança que se supunham realidades consolidadas. A pandemia, e agora a devastadora e incompreensível guerra, introduzem desequilíbrios nos modelos organizativos e produtivos que se pensavam estabilizados e provocam desordens graves que afetam de forma particularmente mais intensa os mais fracos da sociedade, acentuando-se consequentemente os níveis de desigualdade.
A inflação, quase que esquecida, surge de forma crescente, repercutindo-se de modo alarmante nos preços de bens essenciais que impactam diretamente na vida de todos, mas sobretudo dos que têm menos, porque de bens essenciais se trata.
Hoje, mais que nunca, o que se pede e exige é uma intervenção política integradora de todas as sinergias sociais e económicas, criativa porque atende à diversidade dos vários grupos sociais e combate a cegueira de uma ação que, por ser teoricamente igual para todos, deixa tantos de fora.
A pandemia demonstrou de forma clara as virtualidades da intervenção de proximidade, identificando a especificidade das situações, atuando num tempo mais curto, articulando os recursos, as competências dos agentes locais.
Ao Estado, cabe naturalmente a definição célere e atempada de políticas públicas que definam as linhas gerais, os critérios informadores da ação promotora de uma efetiva justiça social e de combate e eliminação das desigualdades. Mas ao Estado cabe, também, organizar e incluir nesta intervenção todos os atores sociais e económicos, de forma a antecipar omissões e exclusões. Organização e inclusão que prevejam modelos e recursos para que a ação se concretize. Reforçando competências autárquicas, incluindo as estruturas da sociedade civil, reconhecendo-as e reforçando os meios quando for caso disso, subsidiariamente.
À sociedade no seu todo, às comunidades locais, cabe naturalmente a redescoberta da sua função solidária, do seu papel insubstituível no reforço e consolidação da coesão social. Na identificação de cada um, na adequação a cada um. 
A cada um de nós, cabe a capacidade para compreender os tempos que vivemos, a urgência de novos (velhos) comportamentos de contenção e partilha, a reaprendizagem da solidariedade.
O desafio é de se ser capaz de aprender com o que é novo e velho, e reconstruir de forma ousada um modelo organizativo que promova a proximidade e a partilha, a agilidade e a versatilidade, para que se cumpra a justiça social e se combata a desigualdade.
Os tempos que vivemos são de incerteza e de escassez de recursos, a intervenção tem por isso de ser ágil, adaptável e próxima, e simultaneamente indutora de aprendizagens, capacitadora de autonomias.
Hoje, mais do que nunca, o que se pede e exige é um combate sem quartel à globalização da indiferença e à cultura do descarte perante o sofrimento que estes tempos trazem de forma avassaladora e quase que insuportável, para que ninguém, mesmo ninguém, fique para trás, seja descartado.

A Comissão Nacional Justiça e Paz; A Comissão Diocesana Justiça e Paz de Bragança-Miranda; A Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz de Évora; A Comissão Diocesana Justiça a Paz de Vila Real; A Comissão Diocesana de Justiça e Paz de Portalegre - Castelo Branco.

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
UTOPIA!
O dinheiro, não tem pátria, não alma e não tem sobretudo coração.