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Leitores: Zona histórica de Castelo Branco. É urgente uma intervenção a sério

José Aleixo Trindade Ferreira - 12/10/2023 - 10:04

O primeiro foral de Castelo Branco terá sido concedido em outubro de 1213 pelo Mestre Templário Pedro Alvito.

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O primeiro foral de Castelo Branco terá sido concedido em outubro de 1213 pelo Mestre Templário Pedro Alvito. Desde aí, foi construída uma história que honra o concelho, o distrito e o país, assente desde logo na importância que a Ordem dos Cavaleiros Templários lhe concedeu, durante 100 anos, em que foi sede templária dos 3 Reinos (Portugal, Castela e Leão), e onde se terá realizado o maior número, numa povoação acastelada, de Capítulos-Gerais do Templo: 6, no seu total, nos anos de 1228; 1253; 1264; 1265; 1266 e 1272.
Com o aproximar de mais um aniversário do primeiro foral é importante que se olhe a sério para o casco histórico de Castelo Branco e começar a pensar, mas sobretudo executar, intervenções profundas e estruturantes que possam contribuir para a recuperação, revitalização e projeção do mesmo.
A zona histórica de Castelo Branco é um património cultural e histórico de grande valor, mas que enfrenta desafios, como a degradação dos seus edifícios, a falta de segurança e a desertificação. Para renovar esta zona, é necessário um esforço conjunto de várias entidades, incluindo a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia, os moradores e as empresas locais.
Chamaria a atenção para 4 pontos fundamentais: 1. Reabilitação do edificado: O edificado na zona histórica de Castelo Branco está, em muitos casos, degradado. É necessário um programa de reabilitação que inclua o apoio financeiro aos proprietários para a realização de obras de conservação e restauro. A própria Câmara Municipal é possuidora de vários edifícios, que recuperados poderiam servir para atrair população jovem e comércio para a zona. Restaurar e renovar edifícios/casas, poderá incluir trabalhos de conservação, reparação de fachadas, telhados e estruturas, bem como a adaptação de alguns desses espaços para novos usos, como museus, galerias, cafés, espaços culturais, ou, mesmo serviços públicos, conforme está planeado a instalação do Tribunal Central Administrativo do Centro. A Igreja de Santa Maria deve merecer um plano de recuperação e abrir, talvez, como Centro de Interpretação da Zona Histórica e onde, por exemplo, poderia ser divulgado o espólio das várias campanhas de escavações, isto em conjunto, com a antiga Escola Conde Ferreira. E, porque não, a reconstrução de algumas das torres ou até do antigo Palácio dos Comendadores? Mas, também, e fruto de um planeamento rigoroso poderão ser criados novos locais de passagem, como, estacionamento, lazer e espaços verdes, caso existam casas, que não permitam a sua recuperação e que sem valor histórico possam ser demolidas. 2. Melhoria da segurança: A zona histórica de Castelo Branco deve ser um espaço seguro para todos. É necessário reforçar a iluminação pública e a vigilância policial. O reforço da iluminação pública deverá ser realizado de forma a melhorar a visibilidade nos espaços públicos da zona histórica, aproveitando equipamentos mais sustentáveis. A vigilância policial deverá ser reforçada, especialmente em horários de menor movimento. 3. Promoção do turismo: A zona histórica de Castelo Branco tem um grande potencial turístico. É necessário promover este espaço através de campanhas de divulgação e de eventos culturais e recreativos. O evento «Terras Templárias» merece que seja olhado como uma atividade nobre da cidade e do concelho, projetando-se como uma verdadeira marca e oferta turística da região. Deverá ter uma data fixa e o envolvimento dos seus habitantes no planeamento e execução da mesma. Mas, ao longo do ano deverão ser concebidos outros eventos e levar os jovens estudantes a conhecer a mesma e a sua história. 4.Revitalização económica: A zona histórica de Castelo Branco deve ser um espaço dinâmico e atrativo para as empresas/comércio. É necessário promover a instalação de empresas e a dinamização do comércio local. Pequenas tabernas e pontos de venda artesanal, poderão contribuir para essa revitalização. A promoção da instalação de novas empresas deverá ser realizada através de incentivos fiscais e financeiros. A dinamização do comércio local deverá ser realizada através de eventos e iniciativas que promovam os produtos e serviços locais.
Promover a formação e pesquisa académica sobre a história de Castelo Branco, é outro fator preponderante para esta intervenção, através de parcerias com instituições de ensino, incentivos a estudos académicos e a organização de conferências e seminários.
Melhorar as praças, ruas e áreas verdes da zona histórica, tornando-os mais atraentes e acessíveis para os moradores e visitantes, bem como, modernizar as infraestruturas da zona histórica, garantindo que seja acessível a todos, incluindo pessoas com mobilidade reduzida, melhorando calçadas, instalar rampas e elevadores, além de garantir uma boa rede de transporte público.
A participação da comunidade é essencial para o sucesso deste plano de intervenção. Para isso, deverão ser realizadas reuniões públicas e consultas online para que os moradores e as empresas locais possam dar o seu contributo.
A constituição de uma equipa multidisciplinar, com especialistas em história e arquitetura, na área social, procurando, também, a inclusão de moradores, será essencial para que se possa, finalmente, trabalhar a zona histórica de Castelo Branco de uma forma holística e não com pequenas intervenções que servem apenas de paliativos.
Este plano de intervenção é um passo importante para a recuperação da zona histórica de Castelo Branco. Com o esforço conjunto de todos, é possível criar um espaço mais vivo, seguro, atrativo e sustentável para todos. Um espaço onde se viva história e cultura, onde as pessoas, moradores e visitantes se sintam bem, e que contribua para o desenvolvimento socioeconómico da região.
Mas será, também, um processo complexo e demorado, pelo que importa garantir que todas as decisões tomadas estejam de acordo com os objetivos a longo prazo, respeitando a história e a cultura da zona histórica. Vamos a isso, finalmente a sério!


José Aleixo Trindade Ferreira | 

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