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Greve: Liberdade não se escreve sem jornalismo

Reconquista - 13/03/2024 - 21:30

Ao fim de mais de quatro décadas, os jornalistas quebram o silêncio para exigir melhores condições de trabalho e, acima de tudo, respeito pela profissão.

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A luta é de todos para o bem de todos

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) convocou a greve geral que acontece esta quinta-feira, dia 14 de março, decisão tomada no V Congresso de Jornalistas, “contra os baixos salários, a precariedade e a degradação acentuada das condições de exercício do jornalismo”.

Esta manifestação da classe surge mais de 40 anos depois da última greve geral de jornalistas, pela convicção de que “o fluxo constante de notícias nas televisões, nos jornais, na rádio, na internet é sustentado por práticas laborais que atropelam os direitos dos jornalistas”. Nestas quatro décadas, “perdemos direitos, perdemos espaço, perdemos autonomia. Há um momento em que temos de fincar o pé. Esse momento chegou. É aqui e agora. A 14 de março, paramos”, afirmou o presidente do SJ, Luís Simões.

Entre as exigências laborais da greve estão “a necessidade de trabalho estável, uma vez que os vínculos laborais precários são uma prática corrente no sector; o aumento geral dos salários; o pagamento digno das horas extraordinárias; e a intervenção do Estado no financiamento do jornalismo”.

Ainda que nem todos sintam todas as dificuldades apontadas, mas para que todos exerçam a profissão com condições e dignidade, é preciso que o setor fale, solidariamente, a uma só voz. “É lamentável que, nos 50 anos do 25 de Abril, um pilar fundamental da democracia esteja tão ameaçado. Jornalismo precário não é jornalismo livre. Uma democracia não sobrevive sem jornalismo de qualidade”, reitera Luís Simões.

No manifesto da greve, os jornalistas exigem “aumentos salariais em 2024 superiores à inflação acumulada desde 2022 e a melhoria substancial da remuneração dos freelancers; a garantia de um salário digno à entrada na profissão e de progressão regular na carreira; o pagamento de complementos por penosidade, trabalho por turnos e isenção de horário; a remuneração por horas extraordinárias, trabalho noturno, e em fins de semana e feriados; o fim da precariedade generalizada e fraudulenta no sector, pelo recurso abusivo a recibos verdes e contratos a termo; o cumprimento escrupuloso das leis do Código de Trabalho, incluindo a garantia do equipamento técnico necessário, em particular para a captação de imagem e som; o cumprimento escrupuloso do Contrato Coletivo de Trabalho da imprensa e a generalização da contratação coletiva para o setor audiovisual e da rádio; a justa remuneração de quem cumpre o estágio obrigatório para o acesso à profissão; condições humanas e materiais para a produção noticiosa, cumprindo princípios éticos e deontológicos; a intervenção do Estado na garantia da sustentabilidade financeira do jornalismo; e a revisão das estruturas regulatórias da comunicação social e do jornalismo, garantindo a sua atualização e capacidade para salvaguardar a qualidade da informação”. O SJ conclui que “jornalistas sem direitos não são livres e a liberdade não se escreve sem jornalismo”.

Ao SJ juntam-se nesta greve o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV) e do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT). Também o Sindicato dos Meios Audiovisuais (SMAV) e o Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (SINDETELCO) manifestaram solidariedade à luta dos jornalistas.

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