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Adelino Lourenço: Um livro sobre um padre que compreendeu o povo

José Júlio Cruz - 06/10/2022 - 11:24

Em pré-publicação, Reconquista deixa aqui aos seus leitores o epílogo do livro «Padre Adelino Américo Lourenço, uma biografia», de José António Santos.

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Pormenor da capa do livro. Foto cedida pelo autor

Em pré-publicação, Reconquista deixa aqui aos seus leitores o epílogo do livro «Padre Adelino Américo Lourenço, uma biografia», de 165 páginas, da autoria de José António Santos.

A obra será apresentada no próximo sábado, dia 8, incluída num programa de homenagem que tem vindo a ser preparado por uma comissão, a propósito da celebração dos 50 anos de pároco em Idanha-a-Nova, promovido pelas cinco paróquias ao seu cuidado pastoral: Idanha-a-Nova, Alcafozes, Idanha-a-Velha, Oledo e Monsanto. Nele se inclui no Santuário de Nossa Senhora do Almortão, às 11H00, a celebração da Eucaristia. Segue-se um almoço partilhado. Pelas 15H00 terá lugar a esperada presentação do livro «Padre Adelino Américo Loureço, uma biografia» de José António Santos, Paulinas, Prior Velho, 2022, a cargo de Mário Pissarra. Obra da qual Reconquista antecipa o epílogo.

EPÍLOGO: “Esta biografia de Adelino Américo Lourenço reproduz a história de um pároco de aldeia na dimensão intrínseca, positiva e mais nobre. De alguém com a sabedoria de discernir entre o conveniente e o inconveniente, o urgente e aquilo que pode esperar, tendo sempre no horizonte o serviço em ordem ao bem comum e dignidade do povo que lhe está confiado.

Em síntese, fixe-se o destino desse caminho luminoso.

— Como padre, em 60 anos, na diocese de Portalegre e Castelo Branco, viu passar quatro bispos: Dom Agostinho Joaquim Lopes de Moura (1952-1978); Dom Augusto César Alves Ferreira da Silva (1978-2004); Dom José Francisco Sanches Alves (2004-2008); e Dom Antonino Eugénio Fernandes Dias (2008- ).

— Como cristão respirou a contemporaneidade de sete papas: Pio XII (1939-1958); João XXIII (1958-1963); Paulo VI (1963-1978); João Paulo I (1978); João Paulo II (1978-2005); Bento XVI (2005-2013); e Francisco (2013- ).

De uma maneira ou de outra, a vida de Adelino é, evidentemente, tocada por todos e cada um destes nomes de grande relevo, atores de tempos históricos diferentes, tributários de cultura própria da sua época. Precisamente, por isso, alguns caminhos de pedras se lhe depararam.

Mas, a vida de Adelino Américo Lourenço, como nestas páginas se regista, foi sempre orientada em percurso de linear coerência e liberdade, subordinado à sua consciência.

Na infância, percecionara a verticalidade da figura fascinante do seu pároco Ernesto Martins Salgueiro, embora, na altura, não soubesse muito bem o que isso era. Será mais tarde, no contato pessoal com Dom Agostinho Lopes de Moura que consolidada a formação do caráter.

Sendo verdade que todo o padre fica, indelevelmente, ligado ao bispo ordenante, no caso de Adelino, essa ligação é acrescida por vínculos de confiança e relação pessoal estabelecidos. Tendo sido seu secretário durante quatro anos, dele recebeu provas de amizade expressas em constantes indicações e estímulos para formação e atualização e permanentes. Como motorista realizou infindáveis viagens com Dom Agostinho, durante as quais recebeu conselhos e, em algumas, até foi confidente. Esse relacionamento, sempre muito impregnado pelo fluxo da doutrina do Concílio Ecuménico Vaticano II, marcou Adelino para a vida. Aí se situam raízes e motivações do dinamismo pastoral desenvolvido em todo o seu ministério presbiteral.

O agora santo Paulo VI, papa obreiro da marcha e conclusão do Concílio Vaticano II, grande construtor da Igreja do futuro, constitui, outra figura com influência relevante na vida de Adelino. Por toda a doutrina conciliar, sobretudo, pela admirável exortação apostólica Evangelii Nutiandi (8 de dezembro de 1975) fonte de inspiração e renovado empenho para o padre Adelino prosseguir, com alegria, a missão de evangelizador.

Corajoso, mergulhou na humanidade de Idanha-a-Nova, como ninguém, compreendeu a alma do povo e, em nome do Evangelho de Jesus Cristo, resgatou a população de opróbrios a que a haviam sujeitado.

Com a ajuda do padre Adelino, homens e mulheres reconquistaram a honra de serem pessoas, passaram a ser respeitados com dignidade. Sobretudo, os mais pobres compreenderam que, afinal, também contam.

Como pároco contribuiu para a valorização e notoriedade do concelho.

Idanha-a-Nova manifestou-se reconhecida e fez dele uma Pessoa feliz!”.

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