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Almaraz: Portugal pede explicações a Espanha

Reconquista - 27/09/2016 - 16:22

A posição do Governo português surge depois de ter sido autorizada a instalação em Almaraz de um armazém de resíduos nucleares.

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O Conselho de Segurança Nuclear autorizou a construção de um armazém de resíduos. Foto arquivo

O Governo português pediu uma reunião de emergência a Espanha para debater o prolongamento do funcionamento da central nuclear de Almaraz, junto à fronteira com o distrito de Castelo Branco. O anúncio foi feito pelo ministro João Pedro Matos Fernandes na tarde de terça-feira, no decorrer da audição na Comissão de Ambiente da Assembleia da República.

Segundo o ministro esse pedido foi feito “pelos canais diplomáticos, aos senhores ministros que tutelam a energia e o ambiente no reino de Espanha”.

A posição do Governo português surge depois de o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) de Espanha ter autorizado a instalação em Almaraz de um armazém de resíduos nucleares. Segundo o jornal “El Periódico de Extremadura”, de Cáceres, o chamado armazém temporário individualizado deverá ficar pronto em 2018, ocupando uma superfície que ronda os 2.650 metros quadrados. O objetivo é receber os resíduos de combustível nuclear utilizado nos dois reatores de Almaraz até que seja possível a sua transferência para outro armazém na região de Cuenca, entre Madrid e Valência.

João Pedro Matos Fernandes encara a informação como um sinal que a central “poderia permanecer ativa para além da licença atual". Embora respeite as opções de Espanha, Portugal "tem obrigatoriamente de ser ouvido e participar na decisão".

A notícia foi recebida com apreensão em Portugal. A Quercus vê nesta decisão “um perigoso sinal de que existem fortes movimentações em Espanha para que a Central não encerre no prazo definido”, pedindo “celeridade e mais firmeza” ao Governo português para que faça ver a Espanha a necessidade de desmantelar a central, que já ultrapassou o seu prazo de vida em 2010.

No plano político a distrital do PSD Castelo Branco “manifesta a sua profunda preocupação por tal decisão, tão nefasta para o nosso território”. Em comunicado, os sociais democratas encaram as notícias do possível alargar o prazo de laboração da central como “um dado preocupante”, acusando o Governo do PS de evidente ”fraca determinação (…) em relação às autoridades espanholas, conforme confirmado pelas declarações do senhor Ministro do Ambiente, referindo-se a uma audição parlamentar de junho.

Pedro Soares, o deputado do Bloco de Esquerda que preside à Comissão Parlamentar de Ambiente, reiterou no sábado em Vila Velha de Ródão que a central “deve entrar num processo de desativação e é um risco enorme para toda a região”. As declarações foram feitas no arranque de uma marcha contra a poluição no Tejo.

A preocupação do BE é ainda maior sabendo-se dos vários problemas técnicos comunicado ao CSN no último ano, que incluem a utilização de peças defeituosas.

Do lado de Espanha é conhecida a oposição do governo regional da Extremadura ao projeto. Begoña García, a conselheira responsável pelo Ambiente, espera que Madrid faça o mesmo e criticou a falta de intervenção do governo central, que está em gestão devido à falta de maioria no parlamento de Madrid.

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