Este site utiliza cookies. Ao continuar a navegar no nosso website está a consentir a utilização de cookies. Saiba mais

Leitores: Automóveis Elétricos? Processo irreversível

João Silveira Carvalho  - 17/08/2017 - 10:06

A sustentabilidade do preço do petróleo tem sido uma constante preocupação dos países produtores, em particular dos que integram a OPEP–Organização dos Países Exportadores de Petróleo, pela dependência que têm daquela matéria prima, mas também por outros, como os Estados Unidos e Rússia.

Partilhar:

A sustentabilidade do preço do petróleo tem sido uma constante preocupação dos países produtores, em particular dos que integram a OPEP–Organização dos Países Exportadores de Petróleo, pela dependência que têm daquela matéria prima, mas também por outros, como os Estados Unidos e Rússia. Para o efeito, temos assistido continuamente à concertação do preço do crude pelos países produtores através da redução da produção, a fim de evitar que o preço desça por via do excesso de oferta no mercado, o que nem sempre tem sido conseguido, por incumprimento de alguns dos intervenientes nos acordos de produção. Ainda assim, há vários meses que o preço do Brent, referência para as exportações nacionais e que é negociado em Londres, se tem mantido entre os 50 e os 60 dólares, mais recentemente abaixo dos 50 dólares. Porém, as preocupações com o ambiente finalmente assumidas pela maioria dos responsáveis dos países desenvolvidos (Trump excluído), levaram a que os maiores fabricantes do setor automóvel se tenham focado e com avultados investimentos na produção massiva de viaturas elétricas, algumas já disponíveis no mercado com autonomia muito aceitável, 400/500 km. Em simultâneo e numa ação concertada, os construtores alemães desenvolvem um projeto para o alargamento da rede de postos de abastecimento em toda a Europa, com previsão de postos de abastecimento rápido em áreas de serviço, o que vem colmatar uma das principais condicionantes na aquisição de viaturas elétricas. Se a autonomia das baterias tem sido um entrave, certamente que a limitada rede de abastecimento não o era menos. Estamos perante um processo irreversível e creio que se tornará numa realidade absoluta mais cedo do que a meta prevista inicialmente pela União Europeia para que o carro elétrico seja uma preferência, 2030. Face ao exposto, os preços do Brent vão ter de descer inevitavelmente, desta vez pela redução da procura, o que poderá não acontecer de forma tão expressiva nos preços ao consumidor, pois a margem para cobrança de impostos será maior e os governos, sedentos de receitas, não descuidarão a oportunidade e até poderão alegar que é questão de bom senso e para o bem comum, por incidirem sobre produtos poluentes. A ver vamos! “Os preços do petróleo estão a subir nos mercados internacionais animados pelas perspetivas que apontam para uma recuperação da cotação da matéria-prima nos primeiros meses do próximo ano.” (Negócios de 12/06/2017), data em que o barril do Brent subia 1,45% para 48,85 dólares, e que o ministro da Energia da Arábia Saudita, membro da OPEP e maior produtor mundial de petróleo, Khalid Al-Falih, defendeu que a redução das reservas de petróleo a que se tem assistido vai sofrer uma aceleração nos próximos três a quatro meses, o que justifica o aumento dos preços. Julgo que o discurso do ministro da energia da Arábia Saudita é da conveniência do seu país, dos membros da OPEP e até de outros países dependentes da produção de petróleo. Mas o petróleo vai ser secundado em breve, com acentuadas quedas na procura. Por isso, o preço vai descer, mesmo sabendo que a sua construção tem também uma forte componente financeira.
Nesta matéria, creio que é tempo de acabar com interesses instituídos há muitas décadas, muito poderosos, é certo, e olhar pelo e para o ambiente, pelo mundo!


Licenciado em Economia

COMENTÁRIOS