O executivo da câmara municipal no decurso da reunião
A Câmara de Castelo Branco aprovou na reunião pública do seu executivo que teve lugar dia 17 uma moção em que elogiou a solução encontrada pelo Governo para o IC31 em perfil de autoestrada.
Contudo, a aprovação não foi pacífica. Mereceu a abstenção do PSD e a oposição do movimento Sempre (3 votos favoráveis do PS, 3 votos contra do Sempre e 1 abstenção do PSD). «IC31 mais perto do que nunca» foi o texto que suportou a moção lido pelo vice-presidente da autarquia, Hélder Henriques.
Nele, os socialistas elogiam a presença do Governo no distrito a 25 e 26 de janeiro, elogiam também o papel dos autarcas locais na reivindicação de mais e melhores projetos e concluem que, fruto disso, uma semana depois o Governo assumiu o compromisso de construir o IC31 em perfil de autoestrada, “como aliás os diferentes executivos do PS têm defendido durante décadas”.
O PS de Castelo Branco já tinha argumentado o mesmo em conferência de imprensa no início de fevereiro. Tal como a posição agora vertida na moção de que “não somos fundamentalistas e não nos colocamos entre «o ter tudo ou nada». Lutamos discretamente e com humildade pelo perfil de autoestrada e conseguimos sensibilizar o Governo para esta matéria”. A moção aponta o Conselho de Ministros realizado no Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco como o ponto de viragem. “Valeu a pena trabalhar no silêncio, sem populismos e com os pés assentes na terra, e os resultados estão mais próximos de atingir, como nunca antes estiveram”.
Também como se tinha verificado anteriormente numa outra conferência de imprensa, o Sempre não concordou e veio criticar o PS. Luís Correia esbateu ponto por ponto, de forma exaustiva, a argumentação socialista e voltou a frisar que “primeiro dizem uma coisa e depois vêm como moções dizer o contrário”, lembrando que esta situação “não se passou só com o IC31, mas também com o hospital, a DRAPC e outros temas”.
“ A moção de hoje é no fundo apenas para lavarem as posições anteriores e a emenda é pior do que o soneto, um dia dizem uma coisa e no outro dizem outra”. O vereador da oposição leu atas de reuniões e posições anteriormente assumidas pelos responsáveis socialistas em defesa de uma solução diferente para aquela via, tal como o tinha feito na conferência de imprensa, recordando que o Sempre “esteve firme na defesa do perfil de autoestrada ao longo que todo o processo”.
O presidente do município acabou por lhe cortar a palavra, explicando que “o senhor já está a falar há mais de vinte minutos e está sempre a repetir as mesmas coisas e os mesmos argumentos, é patético o que se está a passar!”. Ameaçando com a realização de uma conferência de imprensa sobre o tema por não poder continuar a falar, Luís Correia acabou mais à frente por devolver a expressão “patético” ao líder do município “por estar a cortar a palavra a quem vem aqui defender Castelo Branco”. Acabou nesta ocasião por deixar uma série de interrogações relativamente à obra, nomeadamente se o atual projeto será abandonado ou não, quando é que se prevê a concretização de um novo e quando é que as máquinas estarão no terreno, entre outras.
Leopoldo Rodrigues numa fase menos acalorada da discussão referiu então que “o concurso para o projeto decorre em duas fases por questões ambientais, há parte do percurso que já tem o estudo de impacto ambiental aprovado”, lembrando que “o ministro das infraestruturas declarou que as máquinas poderiam estar no terreno em 2025”. O autarca albicastrense declarou também que “a Junta da Extremadura espanhola vai lançar a obra em finais de 2024, pelo que não prevemos que venham a existir disparidades entre ambas as obras”.
O tema não ficou por aqui, numa outra fase da reunião ambas as fações voltaram a disparar acusando-se mutuamente. Hélder Henriques veio lembrar o artigo de opinião de Leopoldo Rodrigues em que este defendeu o perfil de autoestrada, depois de Luís Correia ter exposto de novo as posições já conhecidas do Sempre sobre a DRAPC de que a atual situação “levará ao caminho do esvaziamento e ao definhamento da DRAPC em Castelo Branco” e sobre o IC31.
O presidente do município informou o vereador da oposição de que lhe dava “até manhã de manhã para falar disso” questionando-o se “considera pertinente continuar sempre a repetir a mesma coisa?”. Luís Correia vincou que era preciso reconhecer que o Sempre teve uma posição coerente sobre estes temas desde o início.
PÚBLICO O cidadão Luís Barroso levantou a voz contra a construção do IC31 afirmando que “já chega de autoestradas!”. E questionou também o executivo no período que é reservado à intervenção do público sobre uma série de temas concelhios, entre os quais o da realização do Festival +Solidário, procurando saber se a autarquia irá voltar a investir fortemente nesta iniciativa como o fez o ano passado e desabafando que “para uns há muita solidariedade e para outros não há solidariedade nenhuma”.
Leopoldo Rodrigues sobre este assunto referiu apenas que “em devido tempo iremos apresentar publicamente o protocolo que iremos concretizar com a associação que promove esse festival”.
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