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Ultramaratona: Desafiam mesmo os limites!

Artur Jorge - 29/07/2019 - 10:44

Eram 7h50 de sábado, 27 de julho, quando o ultramaratonista João Oliveira se consagrou tetracampeão da ‘Pt281+Beira Baixa’, com o estratosférico registo de menos de 38 horas (37h50) para cumprir a distância.

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Este homem fez os 281 km a uma média superior a 7,5 km/h

Eram 7h50 de sábado, 27 de julho, quando o ultramaratonista João Oliveira se consagrou tetracampeão da ‘Pt281+Beira Baixa’, com o estratosférico registo de menos de 38 horas (37h50) para cumprir a distância. Tinha saído às 18h00 de quinta-feira, 25 de julho, de Penamacor. Depois de percorrer os seis concelhos da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa, chegou manhã cedo ao castelo de Castelo Branco.

Mais de seis horas depois, outro português, Arsénio Santos, concluía também uma das mais duras ultramaratonas do mundo, com a chancela organizativa da Horizontes, de Proença-a-Nova. O italiano Luca Papi, que em fevereiro passado tinha vencido a Transgrancanaria 360, completou o pódio beirão. Chegou mais de oito horas depois de Oliveira. Tranquilamente. Degustando um gelado adquirido junto à Sé de Castelo Branco.

A Pt281+ tem novo recorde. João Oliveira, uma das referências do universo ultramaratonista, completou os 281 km a mais de 7,5 km/h. Só ao alcance dos melhores. O tempo, com temperaturas mais baixas e até com alguma chuva, ajudou. “Mas o João é muito bom!”, destaca Paulo Garcia, o mentor desta ultradistância inspirada na americana Badwater e na brasileira BR135.

Foi difícil. É sempre. O corpo chegou a rejeitar qualquer alimento. Mas conseguiu. “Ele é fantástico. E para nós é gratificante ter aqui alguns dos melhores atletas do mundo”, insiste o organizador, rendido à performance de João Oliveira.

“Noutro país, este atleta conseguiria ainda feitos mais impressionantes. Teria os apoios que não consegue reunir em Portugal. Corre provas em todo o mundo sem possibilidade de se fazer acompanhar por uma equipa de apoio. Estamos a falar de um atleta que venceu por quatro vezes a Ultra San Remo-Milano e já ganhou a Spartathlon na Grécia. Não tenho dúvidas que ele é um dos melhores do mundo”, acrescentou Paulo Garcia.

Só cerca de 50 por cento dos atletas que iniciaram a Ultramarathon conseguiram acabar. Nenhuma feminina a solo. “Desta vez, nenhuma mulher conseguiu terminar. Uma delas, a Isabel Moleiro, que já venceu duas vezes a Pt281+, sentiu-se mal a determinada altura. E estamos a falar numa das mais experientes. Não foi o dia dela”, adianta o homem forte da Horizontes.

O tempo limite era de 66 horas. Os japonenses Yamada Hiro e Akiyama Shigenori e o mexicano Ernesto Moreno concluíram já próximo das 12 horas de domingo. Assim como o português Vitor Lebre. “Temos diferenças de mais de 26 horas entre o primeiro e o último a conseguir concluir. Na ordem dos 100 km. Mas temos de ter as bases abertas para o primeiro e para o último. Sarzedas, que é a última base, está aberta mais de 26 horas. E temos de lá ter em permanência Cruz Vermelha, médico e enfermeiros. É uma organização complexa. Mas o limite é o céu”, diz aquele responsável, satisfeito por assistir ao crescimento sustentável da prova que projetou há cinco anos.

Paulo Garcia e a estrutura da Horizontes vão estar em setembro na Serra da Estrela para dois eventos: um ligado à celebração do Dia Europeu Sem Carros; o outro é a Subida das Cobertas de Água, 14 km. Depois, em novembro, ruma ao Brasil para organizar uma ultramaratona na mais extensa praia do mundo, com 226 km. Desde há quatro anos que a realiza.

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