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Albicastrenses celebraram a Senhora de Mércoles

Lídia Barata - 27/04/2023 - 8:00

VÍDEO Celebração coincidiu com o dia da liberdade, com uma mensagem que continua atual apesar da passagem do tempo.

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A celebração foi presidida pelo padre Nuno Folgado

“Fazei tudo o que Ele disser”. O pedido de Maria aos serventes da boda de Caná, quando percebeu que faltara o vinho, simboliza os pedidos que continua a fazer em nome de toda a humanidade, mesmo antes da humanidade saber o que precisa. E mesmo perante a rudeza da resposta de Jesus: “Mulher! Que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora”, Maria confiou, o que significa que “cada aparente barreira que Jesus levanta aos seus interlocutores é a oportunidade que cada um tem de professar a sua fé e a confiança nele”.

Estas foram algumas das reflexões sobre o evangelho, propostas pelo padre Nuno Folgado, responsável pelas paróquias de São Miguel da Sé, São José Operário e Nossa Senhora da Preces, que presidiu terça-feira, dia 25 de abril, à celebração solene de Nossa Senhora de Mércoles, em Castelo Branco. Além de feriado municipal, a romaria coincidiu com o dia da liberdade, em que também se comemoraram os 49 anos da revolução do 25 de Abril. Mas apesar do encontro de tantas efemérides, “o mais importante é o que cada um traz consigo e coloca no regaço da Senhora de Mércoles”, que “fica feliz por nos ver fazer festa com ela, pois a festa da Senhora de Mércoles somos todos nós”.

Dos vários aspetos abordados no texto bíblico, o padre Nuno Folgado destaca desde logo “a entrada de Deus na vida dos homens”, ressalvando que “desde que Deus se fez amigo de Abraão há Deus na vida dos homens”, mas neste “é o Deus em pessoa, é o verbo que se fez carne e habitou entre nós, aquele que desde toda a eternidade se fez próximo, estava ausente e agora diz presente, era diferente e se fez no seio da Virgem Maria e nos braços de Nossa Senhora de Mércoles igual a nós. É esse que em pessoa inicia a sua ação”. Este terá sido “o maior favor e graça que Deus concedeu a Maria”.

O padre Nuno Folgado destaca também as personagens principais desta narrativa bíblica. “Que Jesus queira fazer um sinal é normal; que Maria, a quem o anjo tinha anunciado que seria a mãe do filho de Deus, confie que ele vai fazer um milagre não espanta; que a água passe a ser vinho, e vinho bom, às palavras de Jesus que é a voz pela qual todas as coisas foram criadas; mas que os serventes, que antes de outros perceberam que o vinho acabara, que não conheciam Jesus de lado nenhum, tinham carregado jarros e jarros de água para encher as talhas e sabiam que era só água, que aqueles homens que viviam uma sina, ainda hoje tão presente, serem invisíveis até no momento para os criticar ou culpar, aqueles que emergindo do fundo da hierarquia social e humana, se tenham disposto ao risco de encher os jarros e levar ao chefe da mesa, é de uma coragem enorme”. Mas a sua temeridade “foi recompensada pela extraordinária graça de ver o milagre acontecer. Mais ainda, serem eles coautores do milagre, porque são eles que enchem, que levam, que servem. E se o milagre é do bom Jesus, a coautoria material é dos humildes, dos invisíveis, daquele e deste tempo”. Mas “quem foi elogiado foi o noivo e não temos nota que o tenha rejeitado”, quando “é a Ele e só a Ele que se devem todas as graças, mas quer partilhar connosco os méritos”. O sacerdote refere-se ainda aos destinatários do milagre: “eram todos bons? Todos justos? Todos santos? Todos puros? Eram os que eram, os que somos”, concluindo que “mudou tão pouco nestes dois mil anos” e “as graças que Deus coloca à nossa disposição são tantas vezes tratadas como qualquer zurrapa”, quando “a ação de Deus espera pela nossa vontade e mostra coisas aos pequeninos que nem os maiores sábios verão”.

 

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