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Leitores: Castelo Branco e a cultura. Um permanente exercício de liberdade

Fernando Fitas - 20/07/2023 - 11:03

A cultura é, a meu ver, a imensa avenida da liberdade, na qual todos cabem e onde todos podem expressar a sua arte, o seu talento, sem nenhum tipo de censura, nem constrangimentos impostos pelo poder instituído.

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A cultura é, a meu ver, a imensa avenida da liberdade, na qual todos cabem e onde todos podem expressar a sua arte, o seu talento, sem nenhum tipo de censura, nem constrangimentos impostos pelo poder instituído. Nela apenas não terão lugar, os que movidos pelo ódio e pela ausência de princípios democráticos, não sabem respeitar a criação artística nas suas múltiplas facetas.
Pelo que tenho lido nos órgãos de informação e acompanhado nas denominadas redes sócias, Castelo Branco parece-me ser um caso paradigmático nesse domínio, em contraponto ao que nos últimos tempos tem ocorrido em algumas localidade espanholas, decorrente da ascensão à esfera do poder municipal por parte daqueles que por actos e pensamentos se afirmam – desgraçadamente - herdeiros dos que fuzilaram Lorca , Miguel Hernandez e muitos outros escritores, poetas, actores e artistas, reinstalando assim o primado da censura, apenas porque não gostam da mensagem que o mesmo veicula.  .
Não tenho nenhuma ligação especial à cidade, senão a que resulta de ter visto um original de minha autoria distinguido em 2021, com o Prémio Internacional de Poesia - Cidade de Castelo Branco, instituído pela Junta de Freguesia, situação que motivou a minha segunda deslocação à capital da Beira Baixa, posto que a primeira ocorreu quando era criança, em visita a uns familiares que, à época, nela residiam.
Além disso, não tenho filiação partidária, clube de futebol, nem religião, não frequentando por isso capelinhas, tenham elas a natureza que tiverem. Conheço apenas o actual líder camarário com quem troquei breves palavras, no decurso da cerimónia de entrega do aludido prémio de poesia. Mais nenhum.
Neste quadro e ante a forma como fui acolhido pelos albicastrenses, comecei, desde então a tomar atenção ao que por esta cidade ia acontecendo, em particular, no domínio da promoção e fruição cultural, em ordem a aferir se o que me fora dado ver, não passava de um caso isolado, ou pelo contrário, emanava de uma postura tendente a desenvolver a actividade cultural, as entidades locais que lhe dão expressão e os criadores que nela vivem ou trabalham.
Tenho, assim, constactado, través dos diversos meios de comunicação de que hoje dispomos,  que a cultura, ao invés do que poderia supor-se, é uma trave-mestra do edifício imaterial que diariamente vai sendo construído nesta urbe, assente em alicerces que contemplam todos o tipo de manifestações artísticas.
Ele são exposições de pintura e artes plásticas, apresentações de peças de teatro e um sem inúmero de espectáculos musicais que se estendem da denominada música erudita, ao Rock, passando pela música tradicional portuguesa de que é exemplo o concerto protagonizado pelo agrupamento “Violas EnCantadas”, constituído por José Barros, Ricardo Fonseca e Fernando Deghi recentemente realizado no Centro de Cultura Contemporânea. de Castelo Branco.
Neste contexto, verifico (com agrado, diga-se), que em matéria de eventos e pela diversidade de géneros que coloca à disposição da sua população Castelo Branco vai assumindo um papel de relevo no que se reporta às cidades do interior, assumindo, por vezes, algumas semelhanças à oferta que Évora, cidade capital da cultura em 2027 proporciona aos eborenses.
Mas importa também salientar que nem só de música, teatro e pintura, é feito o dia-a-dia dos agentes que intervêm no tecido social da cidade; ele manifesta-se também num amplo conjunto de iniciativas cujo epicentro é literatura e a poesia, consubstanciadas na realização de sessões de apresentação de obras e, naturalmente, no prémio que homenageia António Salvado, uma voz incontornável da poética albicastrense e , por consequência, da Beira Baixa.
Ora, na semana em que decorre a cerimónia de entrega do prémio de mais uma edição do aludido certame, parece-me oportuno evocar a memória do seu patrono, sublinhando o pulsar cultural da cidade e, com ele, o carácter livre e plural da poesia de António Salvado. Ao contrário do que infelizmente vai sucedendo em algumas localidades da sua querida Espanha.

Fernando Fitas 

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