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Castelo Branco: E tudo o vento levou

- 13/07/2023 - 9:57

Não, não se trata de falar do filme romântico e histórico com este título, de 1939, um dos mais conhecidos da história do cinema. Amor e ódio foi o que envolveu uma das principais personagens – Scarlett O’Hara.

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Não, não se trata de falar do filme romântico e histórico com este título, de 1939, um dos mais conhecidos da história do cinema. Amor e ódio foi o que envolveu uma das principais personagens – Scarlett O’Hara, jovem mulher duramente atingida pela guerra, numa relação com um charmoso aventureiro. Quanto ao filme ficamos por aqui.
Do meu artigo de 4 de maio, sobre “Amigos em Castelo Branco”, houve reflexos interessantes que chegaram até mim. São reminiscências dum passado que o vento levou.
Voltei à carga com dois desses amigos – o João José Dias Tomás e o Luís Vicente Barroso, residentes em Castelo Branco, mas que na minha intromissão telefónica foi encontrar o Luís na sua aldeia, na Fonte Longa, para me darem notícias sobre pessoas e instituições com quem eu contatava nas décadas de 70 e 80 do século passado. Foi de certo modo confrangedor verificar que muitos deles já partiram ainda cedo, como o Joaquim Sobreira, de Cebolais de Cima, que foi motorista da edilidade albicastrense e tocava acordéon; e o Jorge Manuel Torrado Valente, ligado aos automóveis.
Ainda no meu tempo ativo havia perdido, precocemente, um antigo Colega e amigo, o albicastrense José Beato Ferreira. 
Neste dia em que escrevo estas linhas, e rebusco informações doutrora, com o sol a brilhar mais alto sobre a montanha, e o calor a fazer-nos sonhar com oc caminhos idílicos do nosso País, recordo as grandes temperaturas na cidade albicastrense, que dificultava andar a pé, mas a força de uma atividade profissional assim nos obrigava. 
Afinal, a empresa J. Valente & Irmãos, Comércio e Indústria, S.A. ainda existe, e no mesmo local. Dela recordo o sócio Ricardo Valente, que faleceu de acidente automóvel, no regresso da Covilhã, onde tinham um stand Ford. Seu filho, economista, Dr. Luís Filipe Valente, com quem tratei vários assuntos ligados à minha atividade profissional, incluindo quando se encontrava a estudar na Bélgica, também já partiu. Desconheço o paradeiro de seu irmão, Nuno Valente. 
Artur Valente estava ligado à venda dos automóveis, sendo que, no lugar do falecido Ricardo Valente, assumiu as funções de gestão, Rafael Valente. Esta família dos Valentes era grande, e, por isso, ali conheci um idoso, simpático, Isidro Valente, e também o Dr. Manuel Valente que, nalgumas conversas me dizia, sorridentemente, face a tantos funcionários que por ali passaram: “Aqui foi e é uma autêntica escola de vida”.
Algumas vezes acontecia, quando eu já estava de regresso à Covilhã, ter de voltar para trás, porque o Eng.º José Maria Valente necessitava de segurar tantas arrobas de cortiça abadia e outras tantas de nacional. São memórias que perduram.
Surgiria então uma grande empresa de iogurtes, em 1979 – a “Iophil – Produtora de Iogurtes, S.A.”, criada pela família Gomes Filipe, na altura retornados da antiga colónia de Moçambique, mas naturais da aldeia de Paradanta, freguesia de São Vicente da Beira, no concelho de Castelo Branco. Esta foi a primeira empresa a instalar-se na primitiva zona industrial de Castelo Branco, quando tudo aquilo não passava de um enorme descampado nos arredores da cidade. Por curiosidade, houve anos depois outra grande empresa de Castelo Branco – a Centauro – à qual fiz referência na minha anterior crónica, que partiu também de um retornado de Angola. 
Foi com um grande espírito empreendedor, dedicação e empenho dos seus fundadores, e a simpatia do administrador Luís Filipe Gomes, que conseguiram pôr de pé a empresa Iophil e fazê-la crescer. Chegou a atingir, em poucos anos, mais de uma centena de postos de trabalho. A marca Iophil começou a singrar no mercado nacional. Em 1989, a Danone adquiriu 70% do capital da Iophil, chegando aos 85% em 1991. Ampliou a fábrica em Castelo Branco, com o lançamento de novos produtos para, em 1994 atingir a liderança do mercado nacional de produtos lácteos. Em 2013 a Danone vendeu a sua atividade industrial da fábrica de Castelo Branco à empresa americana Schreiber Foods. 
Ainda como Iophil, a empresa teve uma grande atividade recreativa, para além do apoio financeiro que a própria Iophil/Danone deu ao longo dos anos no patrocínio a equipas desportivas da cidade e também ao Sporting Clube da Covilhã.
João de Jesus Nunes
jjnunes6200@gmail.com

 

COMENTÁRIOS

JMarques
No ano passado
Conheci pessoalmente todos os "Valentes" referidos, em 1969/70 fui empregado da firma J. Valente & Irmãos, Comércio e Industria, S.A.