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Castelo Branco: Gasóleo esgotado em vários postos

José Furtado - 17/04/2019 - 16:06

VÍDEO Em poucas horas o gasóleo esgotou em alguns postos de Castelo Branco, onde nem a noite abrandou a procura.

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Gasolina resiste mas não se sabe por quanto tempo. Foto José Furtado/ Reconquista

"Só gasolina" ou "gasóleo esgotado" são as mensagens mais comuns nos postos de combustível da cidade de Castelo Branco ao segundo dia da greve dos motoristas de transporte de materias perigosas.

Ao início da tarde de quarta-feira eram poucos os postos com filas mas a explicação está também no facto de alguns já não terem nada para vender.

Bastou uma greve com poucas horas e a noção de que poderia não haver combustível para as deslocações da Páscoa para que milhares de pessoas em todo o país se precipitassem para as bombas de gasolina.

A greve ao transporte de matérias perigosas, que começou na madrugada de terça-feira, provocou uma autêntica corrida aos combustíveis à medida que o dia avançava, um cenário que se repetiu em Castelo Branco e um pouco por toda a região.

A plataforma Voluntários Digitais em Situações de Emergência, um grupo de voluntários que utiliza a internet para informar a população em casos de fenómenos meteorológicos adversos ou catástrofes naturais, criou uma lista onde vão sendo adicionados os postos onde já faltava gasóleo, gasolina ou ambos, que rondava os três mil postos em todo o país.

Através desta lista era possível verificar que logo na terça-feira – ainda a greve não tinha 24 horas – já faltava gasóleo em diversos postos de Castelo Branco, Alcains, Fundão, Covilhã ou Sertã, bem como nos postos da A23 que ficam nos concelhos de Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Fundão.

A lista – baseada em contributos de voluntários – pecará naturalmente por defeito, por não referir concelhos mais pequenos, onde a oferta também é menor.

Em Idanha-a-Nova o Reconquista verificou ao final da tarde de terça-feira dois cenários bem diferentes a poucas centenas de metros- um posto de combustível de um supermercado com filas para abastecer e um outro aparentemente normal.

Em Castelo Branco as filas começavam logo no posto que fica nos arredores da cidade, na reta do lanço grande.

Perto da hora do jantar, junto ao bairro dos Buenos Aires, ia até à rotunda dos bordados. A chegada da noite não mudou o cenário e o serão de muitos albicastrenses foi passado dentro do carro, à espera da sua vez.

No posto de combustível junto ao centro de formação do IEFP, na zona industrial, continuavam as filas já o relógio tinha dado as 22H00. Esta quarta já não havia gasóleo. 

Algumas centenas de metros mais abaixo, junto ao hipermercado, o cenário estava mais calmo mas havia uma explicação- um cartaz que dizia “Gasóleo fora de serviço”.

Os mais distraídos ou incapazes de o ler à distância entravam e saiam do posto pouco tempo depois.

Na saída sul da cidade, onde se concentram três postos, dois já não tinham gasóleo e por isso parecia uma noite normal.

Naquele que ainda ia tendo oferta a fila só parou de aumentar por que a hora de encerramento são as 22H00.

Uma funcionária do posto dizia-nos que ainda havia combustível para o dia seguinte mas não por muito tempo. Esta quarta confirmou-se a previsão, com a gasolina a esgotar. 

Do outro lado da cidade, na zona da Mina, repetia-se o cenário: filas para abastecer e mangueiras já esgotadas, sobretudo no gasóleo.

Os motoristas de matérias perigosas, que serão cerca de 800 em Portugal, exigem melhorias salariais, alterações no trabalho extraordinário e noturno e uma categoria profissional própria. As negociações com os patrões e o Governo que decorreram na noite de terça-feira terminaram sem acordo.

O Governo decidiu entretanto declarar a situação de emergência energética até ao domingo de Páscoa e impor serviços mínimos para que não falte combustível nos hospitais, forças de segurança, bases aéreas ou bombeiros, entre outros.

Nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto é obrigatório assegurar o abastecimento a 40 por cento dos postos.

Perante as críticas de discriminação para com o resto do país o primeiro-ministro António Costa admitiu esta quarta-feira no Parlamento o alargamento desta medida ao resto do país.

Em junho de 2008 Castelo Branco e o resto do país viveram um cenário semelhante, com uma greve dos motoristas de pesados. Mas nessa altura as consequências foram para além dos combustíveis, já que também afetou, por exemplo, o fornecimento de produtos frescos aos supermercados.

 

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