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Castelo Branco: Oficina para acordeões abre portas na cidade

Lídia Barata - 13/05/2022 - 8:00

Comprar o instrumento não basta. Há que mantê-lo e a oferta para reparação é escassa. Frederico Alves pretende colmatar esta lacuna.

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Frederico Alves quer dar o seu contributo para preservar a tradição

Reparação, limpeza, manutenção, decoração e afinação de acordeões são alguns dos serviços que vão passar a estar disponíveis em Castelo Branco a partir de sábado, dia 14 de maio, na Oficina do Acordeão. O espaço vai funcionar no Atelier 6, do Piso 1, do Mercado Municipal, dinamizado por Frederico Alves. Ainda não chegou às três décadas de vida, mas há 22 anos que toca acordeão. À paixão pelo instrumento e pela execução, Frederico Alves junta o gosto pela reparação e manutenção do acordeão, ofício que lhe despertou curiosidade desde cedo, mas que foi abraçando a par da carreira musical, que assume como hobbies que alia à sua principal atividade profissional.

“A nível nacional não há muito o uso de manutenção, do recurso a oficinas de acordeão, apesar do número de alunos estar em crescendo”, refere, justificando esta sua escolha.

O gosto pelo instrumento foi-lhe incutido pelo avô, que tinha um restaurante em São Miguel D’Acha, onde por vezes juntava uns amigos que tocavam. “Começou a pôr-me o acordeão ao colo, para me incentivar, mas o instrumento era enorme e eu não conseguia agarrá-lo. Então oferecia-me acordeões pequeninos e foi assim que tido começou. Brincava com o acordeão, comecei a achar interessante e a despertar-me a curiosidade”, recorda, acrescentando que “com oito, nove anos, as pessoas gostavam e chamavam-me para tocar”. A consolidação do gosto pelo acordeão levou os pais a inscrevê-lo no Conservatório, com 11 anos, onde foi aluno do professor Horácio Pio.

sede de Frederico era a de aprender a técnica e não tanto a formação clássica, mas o seu potencial não passou despercebido.

“O professor Horácio Pio, e não só, chegou a emprestar-lhe o acordeão para eu ir tocar às festas. Então lá decidi comprar um acordeão. Como são instrumentos caros, adquiri um meio achanatado. Fui para uma festa tocar e saltou-lhe logo uma correia, depois um botão. Lá lhe dei um jeito e entre o que fui aprendendo com algumas pessoas mais velhas, (que são cada vez menos) e algumas pesquisas na internet, comecei a fazer as reparações”, resume ao Reconquista.

Nomes como o de Alziro Galante, na Orca, ou Adelino Miguel, em Castelo Branco, estão associados a esta sua arte, tendo recebido do segundo, por exemplo, uma mesa de afinação que está agora nesta sua oficina. A virtuosa Eugénia Lima é outra das figuras que admira, pelo que lhe dedica também grande parte deste seu espaço, com fotografias e um pouco da sua história. Mas em carteira mantém um sonho maior que dê à acordeonista albicastrense o destaque que merece.

Frederico Alves o acordeão por dentro e por fora. É um instrumento que trata por tu, conhecendo como são e como se encaixam todas as suas peças, que também tem na sua oficina para explicar aquém tiver curiosidade. Grelhas, mecânica, os cepos onde é colada (a cera ou não) a música, a música em palhetas, música composta nos castelos, abafadores de palhetas, fitas para o fole, na Oficina do Acordeão “há um mundo a explorar. O acordeão é como um carro. Há um stand onde se compra (neste caso uma loja de música), mas depois precisa fazer revisão, tal como o acordeão, que precisa ser limpo, polido, precisa manutenção, reparação de peças, afinação, decoração (botões, enfitamento do fole) e aqui faço todas estas bricolas”.

É este tipo de serviço, “em vias de extinção”, que Frederico Alves quer manter, tal como quer manter a tradição beirã do acordeão e não da concertina, tradicionalmente mais associada ao norte do país. E como ele próprio é exemplo de que é de pequenino que se transmite este gosto, o que também já está a colocar em prática com os seus filhos, nesta Oficina também haverá “acordeões pequeninos, para incentivar os mais novos, para não se perder a tradição”.

COMENTÁRIOS

Antonio Joaquim Castro
No ano passado
Gostava de falar com o sr tenho um acordio para compor mas gastava de falar cnocigo meu n; telefone