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Pais em tempos de crises: Os adolescentes e o álcool

Mário Freire - 16/02/2017 - 11:22

Num trabalho efectuado pelo Serviço de Pediatria do Hospital de Braga, em Agosto passado, diz-se que “o consumo de álcool na adolescência é actualmente considerado um problema de saúde pública.” Na verdade, tem vindo a verificar-se que este consumo se inicia em idades cada vez mais precoces. E, note-se, que o fenómeno não é exclusivamente português; ele estende-se a todos os países de cultura ocidental.
De acordo com os dados do estudo norte-americano Monitoring the Future, referido pelos pediatras do Hospital de Braga, 1/3 dos adolescentes tomam contacto com o álcool antes dos 13 anos, aumentando, assim, a existência de problemas quer de alcoolismo, quer de toxicodependência na idade adulta. Quanto a Portugal, 71% dos adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos referiram já ter consumido álcool, continuando a manter esses consumos cerca de 42%. 
Por outro lado, o padrão de consumo também tem sofrido alterações, estando hoje generalizado o binge drinking, isto é, o consumo correspondente à ingestão de cinco ou mais bebidas alcoólicas num único momento, conduzindo, frequentemente, à chamada “pedrada” rápida. 
Estes comportamentos relacionados com o álcool em idades juvenis têm um efeito altamente pernicioso no cérebro. Segundo um estudo levado a efeito pela Universidade da Califórnia, saído em Junho de 2015, diz-se que o consumo de álcool pode afectar gravemente algumas partes do cérebro. Ora, estas alterações cerebrais têm efeitos danosos a vários níveis e, muito especialmente, na capacidade de atenção e na memória. E quanto mais cedo se começar a beber, pior virá a ser a condição cerebral.
O que levará os adolescentes ao consumo de álcool? As transformações físicas, emocionais e sociais que ocorrem nestas idades, a influência dos grupos de pares, uma maior permissividade social são factores não negligenciáveis a considerar. Sem excluir a responsabilidade das autoridades de Saúde e Educação sobre esta matéria, é aos pais que cabe a maior parte dela. As saídas à noite dos filhos adolescentes são cruciais relativamente a esta temática. Com que idade eles começam a sair? E ao saírem, os pais têm conhecimento com quem vão, para onde vão, a que horas regressam? E, no regresso, como é ele feito: são os pais a ir buscá-los ou vêm de outro modo? E, neste último caso, qual e como? Enfim, outras perguntas poderiam ser feitas. As respostas a estas, no entanto, talvez já fossem suficientes para alertar os pais e prevenir muitos dos comportamentos excessivos dos adolescentes no que se refere ao consumo do álcool. 
freiremr98@gmail.com

 

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