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Pais em tempos de crises: Saber ouvir como um cão

Mário Freire - 25/05/2017 - 10:37

Penso que, nos dias de hoje, apesar das múltiplas maneiras que temos de comunicar e da grande frequência dessas mesmas comunicações, o grande problema que afecta as pessoas é, precisamente, a qualidade dessas comunicações. Os pais acham que não são ouvidos pelos filhos; os filhos entendem que não são escutados pelos pais; as mulheres julgam que os seus maridos não as ouvem; as empresas são consideradas surdas em relação às queixas dos seus clientes; os trabalhadores sentem que as suas palavras não chegam aos ouvidos dos patrões…, enfim, as pessoas parecem não ouvir-se umas às outras. Por isso, achei de grande oportunidade o livro que, no passado mês de Março, saiu e que se intitula “O poder de saber ouvir como um cão” de Jeff Lazarus (Editora verso de kapa). 
O autor parte destes três pressupostos: “Estamos todos a falar, mas ninguém nos está a ouvir; todos queremos ser ouvidos; as pessoas sentem-se muito atraídas por aqueles que as ouvem.” E tira como conclusão destes pressupostos: “se queremos ter impacto no mundo agitado de hoje, então, o maior presente que podemos dar a alguém é ouvi-lo.”
Daqui, parte para o cão como modelo de escuta. Na verdade, este animal manifesta alguns comportamentos que, segundo o autor, nos indicam que está a ouvir-nos. De entre os vários comportamentos do cão, referidos pelo autor, selecciono os seguintes: sentar-se em alerta, mover as orelhas, olhar-nos nos olhos, abanar a cauda ou mantê-la hirta e, principalmente, manter a boca fechada, não ladrando ou rosnando. 
Ora, o contacto visual intenso de quem escuta, a atenção que se coloca no interlocutor e naquilo que se ouve, assim como a ausência de juízos prévios sobre o conteúdo da mensagem escutada são factores fundamentais para quem quer ser ouvido. Por isso, o autor diz, em destaque, que “ouvir é a forma mais poderosa de criar laços com os outros.”
Talvez muitas das mensagens que os pais emitem aos filhos, principalmente se eles são adolescentes, tivessem mais impacto junto deles se aqueles, previamente, os escutassem, os deixassem falar, não começando logo a fazer-lhes perguntas, a interrompê-los, a emitir juízos sem que percebessem, verdadeiramente, os seus pontos de vista. Estariam, porventura, em melhores condições de os ajudar. 
freiremr98@gmail.com

 

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