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S. Miguel D´Acha: Morreu António Milheiro

José Furtado - 12/01/2022 - 15:07

Associação de Defesa do Património Cultural de São Miguel d’Acha perde o fundador.

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António Milheiro, o fundador da Adepac- Associação de Defesa do Património Cultural de São Miguel de Acha, faleceu no dia 11 aos 77 anos. A associação que ajudou a constituir em maio de 2005 salientou o seu papel na vida desta aldeia do concelho de Idanha-a-Nova, onde nasceu no seio de uma família humilde de trabalhadores rurais.

“A vida, assinalada com a dureza e as dificuldades naturais de quem vive nas Beiras, gratificou-o com uma aprendizagem que lhe possibilitou ver a sua aldeia e a sua comunidade com outros olhos, deixando a todos contributos valiosos para despertar o interesse em conhecer a terra que o viu nascer e salvaguardar e preservar os usos, costumes e tradições da sua terra e das suas gentes”, escreve a associação dirigida atualmente por Sofia Gonçalves. Neste testemunho enviado ao Reconquista, a Adepac recorda ainda que António Milheiro foi também fundador e diretor do Boletim Informativo CulturAche, que se publica há 15 anos, tendo também estado na criação do Grupo de Cantares Tradicionais de S. Miguel de Acha. “Foi um defensor e impulsionador incansável da música, do património cultural e das tradições locais”, escreve a atual direção.

“Amigo de participar nas escassas atividades culturais desenvolvidas na aldeia e assíduo leitor, na sua juventude, da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, foi acumulando conhecimento útil para o trabalho culturalmente relevante que desenvolveu na e para a sua aldeia e a sua gente”, recorda a associação, que sublinha ainda o empenho no desenvolvimento de um “trabalho precioso na promoção e preservação dos valores patrimoniais e das memórias da sua aldeia natal, dando lugar ao merecido reconhecimento das raízes das gentes beirãs”.

O percurso de António Milheiro na vida associativa remonta a 1976 quando foi cofundador da Associação Cultural e Recreativa Ache, a ACRA, ficando a seu cargo a secção cultural. Participou ainda na direção do coro paroquial, no Grupo de Cantares Tradicionais e em diversas peças de teatro. Fez parte da direção da Casa do Povo durante mais de dez anos e na década de 1990 dedicou-se ao levantamento do passado histórico e da cultura tradicional da aldeia, que em 2002 deu origem ao livro “S. Miguel de Acha. Memórias da Cultura Tradicional”. Paulo Longo, o responsável pelo Centro Cultural Raiano, escreveu há quase 20 anos na introdução dessa obra que "cada velho que morre é uma biblioteca que arde".

“Esta expressão define com muita precisão o significado da perda de António Milheiro”, declara a direção da Adepac.

Numa nota de pesar, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova manifestou a tristeza pelo desaparecimento de um “defensor e impulsionador da música, do património cultural e das tradições locais”. “Importa que o generoso trabalho de investigação e promoção que desenvolveu no nosso concelho, com foco em São Miguel de Acha, nos inspire na valorização das nossas raízes e tradições”, escreveu a autarquia nas redes sociais.

O funeral realizou-se na tarde de 12 de janeiro para o cemitério desta freguesia do concelho de Idanha-a-Nova, apurou o Reconquista.

 

 

Em 2009 o Reconquista acompanhou a tradição do Terço dos Homens em São Miguel D´Acha onde entrevistou o então presidente da Adepac.

 

 

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