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Leitores: Uma estratégia para o futuro. Mobilidade, Criatividade e Turismo

Hélder Henriques - 10/08/2023 - 9:39

A Beira Baixa apresenta um conjunto de ativos tangíveis e intangíveis que podem representar um impulso importante nos processos multidimensionais de desenvolvimento territorial.

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A Beira Baixa apresenta um conjunto de ativos tangíveis e intangíveis que podem representar um impulso importante nos processos multidimensionais de desenvolvimento territorial. Para que isso aconteça, em jeito de reflexão, parece ser cada vez mais importante o investimento em políticas públicas que valorizem a mobilidade, a criatividade e o turismo.
Os núcleos mais urbanizados dos territórios, em regra, constituem-se como os locais privilegiados de apropriação e difusão de ideias, de práticas culturais e criativas, entre outras. Para que os núcleos urbanos possam ser atrativos e capazes de captar talento e turistas (T&T) devem investir fortemente em políticas que facilitem a mobilidade das pessoas que aí residem. No que respeita a Castelo Branco, neste campo, tem-se evidenciado uma política consistente, estrategicamente pensada e com efeitos práticos plausíveis. Nunca utilizaram os transportes públicos regulares tantas pessoas como hoje. Isto representa um investimento nas pessoas, na sua mobilidade e também na sustentabilidade do próprio território. 
O principal ativo dos territórios são as pessoas que os habitam e o conhecimento que pode ser produzido a partir de cada uma delas. Não há desenvolvimento territorial sem conhecimento e esse deve ser o caminho que os territórios, particularmente, de baixa densidade, devem procurar construir. Uma construção que, no caso dos municípios da raia, tem de ser em rede, de matriz policêntrica, de cariz transacional (urbano-rural) e transfronteiriço. 
Também neste âmbito a criatividade assume cada vez maior importância nas estratégias de desenvolvimento territorial. Afirma Landry (2013), a este propósito, que “a criatividade é a imaginação aplicada, que usa qualidades como inteligência, capacidade cognitiva e aprendizagem ao longo do caminho (…) a criatividade pode vir de qualquer fonte (…)” (p.26). Acrescenta ainda que a criatividade requer qualidades, disposições e atitudes para tomar forma: “curiosidade, franqueza e uma atitude interrogadora, capacidade de recuar, escutar e reavaliar, coragem de não aceitar como verdadeiro determinados credos, prática ou teoria, ousar pensar de maneira diferente e de ver relação e conexão entre coisas aparentemente diferentes” (Landry, 2013, p. 38).  
Partindo destes pressupostos, como sabemos, construiu-se uma candidatura à Rede de Cidades Criativas da Unesco, tomando como âncora, o saber-fazer de um oficio (de uma arte!) secular e que as nossas bordadoras preservam na ponta dos seus dedos: o bordado de Castelo Branco. Ora, este processo permitiu criar rede, permitiu novos contactos, permitiu dar mais mundo ao bordado de Castelo Branco e, acreditamos, visibilidade ao nosso território. 
O referido anteriormente, articula-se de modo quase direto com a projeção que a cidade, o concelho e a região da Beira Baixa podem vir a alcançar através da promoção turística do território em redes formais ou informais já criadas ou que se possam vir a criar. Qualquer território não pode alhear-se dos processos de globalização em que se encontra inserido e é necessário encontrar as linhas mestras que possibilitem o diálogo entre o global e o local sem perder de vista os elementos identitários. 
O turismo pode constituir uma dimensão do sistema de inovação territorial defendido para o nosso território. Partindo da regulação conjunta, de uma promoção diferenciadora dos ativos territoriais e do envolvimento do tecido empresarial e dos munícipes (através das suas memórias, usos e costumes) podemos encontrar uma forma de diferenciar o nosso território através daquilo que alguns apelidam de turismo criativo. É uma área emergente que coloca as pessoas no centro da atividade territorial e permite alcançar mais valias. 
Como temos vindo a defender, entre outras dimensões, precisamos de continuar a criar condições de mobilidade para aqueles que procuram viver no território proporcionando mais e melhor qualidade de vida às comunidades residentes permanentes ou temporárias (caso, entre outros, dos estudantes de ensino superior). Creio ser premente fomentar a captação de talento (através, entre outros, da criação de residências artísticas, da promoção de arte urbana, de infraestruturas adequadas à promoção da criatividade, de uma colaboração de proximidade com as associações e as instituições de ensino (incluindo o superior). E, simultaneamente, mas de modo articulado, entendemos que o turismo pode ser uma alavanca de desenvolvimento económico – não devendo ser a única – para que se possa gerar riqueza e mais valias para as comunidades que vivem o território sem, contudo, o tornar um palco de espetáculos permanente e que pouco têm a ver com a comunidade que vive o território. 
Ligar mobilidade, criatividade e turismo pode parecer uma tarefa hercúlea, contudo, na verdade, mais não estamos a praticar aquilo que defendemos ao longo deste texto: aplicar a imaginação, a construir, ainda que teoricamente, pontes entre dimensões diferentes, mas que podem, estamos convictos, fazer parte de um dinâmico sistema de inovação territorial onde se ligam, além da mobilidade, talento e turismo (T&T). 
Uma estratégia de desenvolvimento territorial de médio/longo prazo em curso onde já foi realizado muito trabalho…mas há tanto mais para fazer! Vamos a isso.

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