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Barragem: APA ainda sem explicações para a morte de peixes

José Furtado - 06/05/2022 - 16:46

Agência diz que não detetou descargas na barragem mas ainda aguarda algumas respostas. 

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Peixes mortos começaram a surgir há algumas semanas. Foto Reconquista

A Agência Portuguesa do Ambiente diz que está a acompanhar no terreno a ocorrência da morte de peixe na albufeira de Santa Águeda, no concelho de Castelo Branco, “quer através de ações de fiscalização, quer através do reforço da monitorização da qualidade da água da albufeira”.

A organização governamental pronunciou-se pela primeira vez sobre o assunto esta quinta-feira, dia 5 de maio, depois dos primeiros relatos terem surgido a meio de abril e de dois pedidos de esclarecimento do Reconquista que ficaram sem resposta.

Tal como o Reconquista tinha noticiado nas últimas semanas, a APA confirma que as ações de fiscalização têm sido realizadas “em estreita articulação” com o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR “não tendo, até à data, sido detetada a ocorrência de descargas indevidas quer na albufeira, quer a montante, nas linhas de água afluentes à albufeira”.

A APA diz que a albufeira “é monitorizada mensalmente quer pela APA quer pela Águas de Vale do Tejo (AdVT), tendo o atual reforço da monitorização sido definido de forma conjunta pelas duas entidades”, tendo procedido à colheita de água nos dias 16 e 27 de abril, tendo a AdVT feito o mesmo a 19 e 26 de abril e a 2 de maio. Nesta data são conhecidos apenas os resultados das colheitas realizadas em abril.

“A generalidade dos parâmetros físico-químicos analisados nas amostras recolhidas pela APA e pela AdVT, a 16, 19 e 27 de abril, cumprem os valores limite para o "bom estado" ou estão abaixo do limite de deteção, verificando-se apenas incumprimentos pontuais dos valores limite para o Fósforo Total, Azoto Total e Nitrato, sendo que, no caso do Fósforo Total, são da mesma ordem de grandeza dos valores que são normalmente obtidos nesta albufeira”, esclarece em comunicado.

Em relação ao oxigénio “apresentaram valores ligeiramente inferiores aos valores limite para o "bom estado". No entanto, de acordo com o especialista consultado pela APA, da Faculdade de Ciências de Lisboa, não terão provocado a morte do peixe”.

Em relação aos fitofármacos, como os pesticidas utilizados na agricultura, as análises concluíram que “apresentaram concentrações abaixo do limite de quantificação”.

Os peixes mortos recolhidos a 19 de abril foram entregues ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera para a realização de uma análise anátomo-patológica e a 27 de abril seguiram para o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

“Aguarda-se pelo envio dos resultados destas análises, sabendo-se já o vírus herpes da carpa Koi (KHV) resultou negativo”, informa a APA, que no seu comunicado especifica todos os parâmetros analisados.

A Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/ Marateca disse esta sexta-feira que passadas várias semanas sobre o aparecimento de peixes mortos “a situação tem vindo a degradar-se cada dia que passa, com cerca de uma tonelada de peixes mortos por dia, em grande parte a serem recolhidos pela Câmara Municipal de Castelo Branco”.

A mesma fonte recorda que a 24 de abril foi recolhido um pato-real morto e a 5 de maio mais três cegonhas-brancas, tal como o Reconquista noticiou na quarta-feira na sua edição online.

A plataforma diz que é “urgente” que a APA e a Câmara Municipal de Castelo Branco “revelem os resultados das análises realizadas aos peixes e água da albufeira, evitando-se as especulações e decidindo medidas para que terminem, de vez, estes episódios e o eventual aumento dos custos inerentes ao tratamento da água consumida pelas populações abrangidas”.

Também considera urgente “que nas margens do concelho do Fundão sejam também recolhidos as centenas de peixes que morrem diariamente e se acumulam nas margens do lado norte desde o início deste episódio, peixes estes em decomposição e a degradar ainda mais a qualidade da água”.

COMENTÁRIOS

JMarques
à muito tempo atrás
Mais do mesmo, laxismo e passividade.